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Paradoxo de nosso tempo

Nossa época tem sido percebida como a fase da história marcada por crise duradoura e teimosa.A figura dessa crise assume muitas formas, é diversa numa só: econômica, social, política, cultural, ética, artística, comportamental, psicológica. Gera angústia. As vezes apatia.Seu mais evidente paradoxo é o de construir-se sobre ao alicerces de riqueza material sem precedentes na história humana.
A riqueza afluente não consegue conter as dúvidas sobre o sentido da vida atual que se esconde para muitos revelando assim um grande tormento .Esse desespero explode e ganha velocidade desdobrando assim, em genocídios, guerras irracionais, violência urbana e familiar, abuso sexual infantil, terrorismo, suicídios ,tráfico de drogas.
Busca-se apoio em crenças de religiões estranhas e esse mesmo ser, envolvido em ansiedades não resolvidas convive e bem com computadores, lógica administrativa e domínio do espaço.O homem atual é dividido. Parte dele mergulhada em obscuro medo, outra parte na esperança luminosa na ciência salvadora e na racionalidade triunfante. São partes geminadas que alimentam-se do mesmo espírito conturbado.
Nada similar ocorreu no passado, com nenhuma civilização conhecida. Temos a sensação de estarmos sob o império do irracionalismo.Fomos apanhados num universo de acontecimentos que não chegamos a entender e parece estar, em grande parte, fora de nosso controle.
Em função da velocidade das mudanças, carecemos de repouso sócio-psicológico. A aceleração do tempo histórico é responsável por essa característica básica. Todo processo socioeconômico novo, difícil de entender, gera a crise de valores. Provoca a desestabilização psicológica numa época sem referências filosóficas claras.
Somos vítimas de uma era científica que nos ensinou a fazer, mas esqueceu-se de nos ensinar a viver.

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