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Protocolo de Kyoto

A teia mundial de interesses dificultam as possibilidades para uma saída ao problema do aquecimento global. Por exemplo, um empresário norte americano não quer arcar sozinho com a diminuição de emissão de gases tóxicos de sua empresa apenas para salvar a vida dos ursos polares. Amplos acordos em nível internacional são feitos para atingir um consenso. Complicadas regras e procedimentos são criados para determinar o futuro da Terra. Muitas propostas são criticadas, discutidas, negociadas, barganhadas, sem contar as pressões das ruas feitas por movimentos independentes.
Os problemas que afetam o planeta são em via de regra discutidos em conferencias das Nações Unidas onde participam centenas de países. No caso do clima, a mais importante conferencia ocorreu em Kyoto, no Japão, em 1997. Essa conferencia foi resultado de muita discussão que teve inicio no Brasil, por ocasião da ECO 92, realizada no Rio de Janeiro. Na ocasião foi instituída a Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas, cujo objetivo era estabilizar as emissões atmosféricas de gases do efeito estufa em níveis que pudessem colocar em perigo todo clima do planeta. Não foi determinado prazo para essa medida, apenas foi dado o primeiro passo para uma longa discussão. Ficou determinado que reuniões periódicas seriam feitas para avaliar os resultados, ao já ocorreram 12 reuniões desde 1992, e o Protocolo de Kyoto foi assinado na terceira reunião.
Os países desenvolvidos são responsáveis por 76% pela emissão dos gases relacionados ao aquecimento global, e o Protocolo de Kyoto determinou que todos os países deveriam diminuir em 5% a emissão desses gases até 2012. Embora seja considerado países em desenvolvimento, o Brasil assinou o Protocolo e se comprometeu a cumprir o acordo. No caso dos países mais poluidores como Estados Unidos, China, Japão, Canadá e União Européia, o esforço deveria ser maior. Os Estados Unidos, responsáveis por 35% do total mundial das emissões desistiram do Protocolo em 2001, assim o acordo perdeu o vigor. O então presidente George Bush justificou a saída de seus país das negociações firmando que o papel da atividade humana no aquecimento global não estava ainda comprovado. Essa atitude provocou várias pressões e oposição da opinião publica, órgãos internacionais e especialistas ambientais.
Em 2007, Estados Unidos e Brasil assinaram um acordo de cooperação tecnológica para a produção de biocombustíveis, como por exemplo, o álcool de cana e o biodiesel, para diminuir a dependência do petróleo. O objetivo dessa estratégia é diminuir em 20% nos últimos dez anos , o consumo de gasolina nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo dezenas de empresas nos Estados Unidos, estão adotando voluntariamente medidas de redução de gases poluentes para combater o aquecimento global.
A opinião pública norte americana que duvidava dos efeitos do aquecimento global, gradativamente esta mudando de postura, principalmente depois da divulgação do filme Uma verdade inconveniente, do ex presidente Al Gore. Há cinco anos Al Gore percorre o planeta chamando a atenção para o aquecimento global. Seu filme ganhou o Oscar de melhor documentário em 2008 e colocou o ex-presidente na lista para ganhar o Premio Nobel da Paz em 2007. No filme ele afirma que o aquecimento global não é só um tema político e sim um problema ético e moral de sobrevivência de toda humanidade. Ele faz uma chamada para enfrentar a questão de maneira urgente. Gore é ambientalista há muito tempo, tendo participado da Eco 92, realizada no Brasil. Mantém projetos com a administração de fundos de investimentos ambientalistas, que aplica em prol da causa verde, alem das palestras anuais que faz em toda parte do mundo.
Obedecer às metas do Protocolo de Kyoto, não tem sido fácil nem mesmo para os países que sempre as defenderam. A União Européia, responsável por 15% das emissões mundiais, esperava alcançá-las abandonando o carvão, ampliando o uso de energia nuclear e fechando industrias poluidoras. De fato isso ocorreu em um primeiro momento. Após 1990, houve um corte de 30% nas emissões dos países do leste europeu, principalmente na Rússia, Hungria e Polônia, por causa do colapso socialista. Mas com a volta do crescimento econômico, as emissões tornaram a subir, anulando a redução obtida.
Os países europeus desenvolvidos já conseguiram diminuir a emissão em 14%, e já pensam para 2050, uma redução de 60%. Países como Alemanha, já articulam ir além do Protocolo de Kyoto, ajudando os países pobres a desenvolverem o desenvolvimento sustentável. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), permite que os países ricos invistam em projetos de redução de emissões em nações que não tenham cumprido as metas do Protocolo, financiando a implantação de tecnologias mais limpas e o uso de energias renováveis. Dessa forma eles podem adquirir “créditos de carbono”, que auxiliem a cumprir seus compromissos. Industrias e usinas térmicas altamente poluentes, que dificilmente poderiam substituir suas matrizes energéticas a curto prazo, podem assim, investir no funcionamento, em outra parte do planeta, em empreendimentos menos poluentes. Dessa forma, acumulam créditos que contam pontos para atingir a meta de redução.
O primeiro projeto baseado no MDL do Protocolo de Kyoto a ser registrado, foi aprovado e implementado em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, financiado pela Holanda. Ali, foi desativado um antigo lixão e, em seu lugar, construído um aterro sanitário. O metano produzido pelo lixo e liberado em processo de decomposição de material orgânico, em vez de ir para a atmosfera, está sendo capturado e usado em uma usina na produção de energia na substituição de combustíveis fósseis. Depois dessa experiências apareceram projetos assim às centenas por todo o mundo. O Brasil investe em ações que incluem reflorestamento, introdução de fontes de energia limpa e implantação de aterros sanitários.
A China particularmente passa por um problema de difícil solução. A Partir de 2006, passou a liderar a lista de países com a maior emissão mundial de dióxido de carbono.Isso se deve ao forte crescimento econômico que atingiu o país. Em virtude desse crescimento, o governo chinês resiste em assinar o acordo de redução da emissão de gases, prazo que expira em 2012. No caso brasileiro, o desmatamento e as queimadas respondem por 75% do dióxido de carbono lançado na atmosfera, desse total 59% são provenientes da floresta Amazônica. São Paulo, por exemplo, a metrópole mais industrializada do país ocupa papel secundário nesse quesito. No total mundial, o Brasil responde com 4% das emissões globais. Se for considerada, porém, a contribuição brasileira desde o começo da industrialização mundial, há 200 anos, o país responde por 1% do problema e não deve assumir as mesmas metas e responsabilidades dos países desenvolvidos.
Reuniões diplomáticas não faltam para discutir o destino do planeta. Para os próximos encontros, espera-se que os países signatários assumam metas mais concretas de redução de suas emissões a partir de 2012. Para o governo brasileiro, o problema do aquecimento global deve ser equacionado com a mudança da matriz energética dos países desenvolvidos, já que cerca de 80% das emissões de gases do efeito estufa vêm do uso de combustíveis fósseis. O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas, com forte participação de hidrelétricas. Nas próximas reuniões, o país estuda estratégias para incluir na discussão a Amazônia, seu grande trunfo nas negociações climáticas, afinal, o governo elaborou vários planos de combate e redução do desmatamento, o que de certa forma tem surtido algum efeito.

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