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Projeto de São Bernardo forma moradores para espalhar o gosto pela leitura na cidade

Desenvolvido junto ao MOVA e ao Cidade de Paz, programa está formando 47 novos agentes; além da leitura, meta é a integração comunitária

A Prefeitura de São Bernardo do Campo começou a formar a segunda turma do Projeto Agentes de Leitura, desenvolvido pela Secretaria de Cultura. No total, 47 moradores entre 18 e 29 anos recebem treinamento e atuam na cidade, levando estímulo à leitura a jovens e adultos. A formação é feita na Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato, no Centro. No domingo (9 de março), aconteceu no local encontro entre agentes e funcionários da rede de bibliotecas para a troca de experiências em relação ao programa.

Capacitação de Agentes de Leitura (Foto: Valmir Franzoi)


De acordo com Alexandre Nogueira Paixão, membro da equipe de coordenação, o objetivo é levar o hábito da leitura para o cotidiano das famílias. “Mas o objetivo não é estimular apenas a leitura. É dar liberdade à pessoa para que sinta o poder da transformação pessoal, já que a leitura nos leva para um universo além do livro. É também promover a integração nas comunidades, porque os próprios agentes são moradores das localidades onde atuam”, explicou.

Iniciado em 2011, o projeto formou 196 pessoas, que desenvolveram as atividades em 20 regiões da cidade, atendendo bairros como Riacho Grande, Jardim Silvina e Alvarenga. No momento, os novos agentes atuam em oito regiões, entre as quais, Jardim Thelma, Jardim Ipê e Ferrazópolis. Em média, são visitadas quinzenalmente dez famílias em cada bairro.

O projeto é desenvolvido junto ao Movimento de Valorização da Alfabetização de Adultos (MOVA) e ao Cidade de Paz, programa da Secretaria de Segurança Urbana voltado à prevenção de conflitos entre famílias e vizinhos por meio do diálogo e ações de integração entre as comunidades.

Segundo Alexandre Nogueira, crianças e adultos na faixa entre 40 e 60 anos são os que têm demonstrado mais interesse pela leitura. “A criança, porque ainda está despertando para esse universo, por conta da curiosidade. Já os adultos, alguns pais e outro avós, estão sendo estimulados pela garotada. Os pequenos leem as histórias e depois pedem, por exemplo, para os pais lerem e contarem as histórias para eles (crianças). Isso estimula toda a família”, observa.

Rede social – Ciente de que muitos jovens não são assíduos na leitura de livros, jornais, revistas e clássicos da literatura e que, de certa forma, acabam se informando pelas redes sociais, os agentes criaram uma página no Facebook (Agentes de Leitura 2014). “A internet transformou nossa perspectiva de leitura, mas não se tornou um inimigo. É preciso entender que essas mídias também podem se tornar um convite à leitura.”

O projeto é desenvolvido em parceria com o Ministério da Cultura, e cada agente recebe bolsa mensal de R$ 350. Parte do valor é pago pelo município e parte pelo ministério. O termo de cooperação é válido por um ano.

Moradora do Jardim Ipê, Jaqueline dos Santos Ferrari, 27 anos, integra a segunda turma de agentes e já atua no bairro onde reside. Ela conta que o gosto pela leitura a levou a se interessar pelo programa. “Me interessei porque queria compartilhar o que sempre me fez bem com outras pessoas. A leitura nos transporta para lugares inimagináveis. Alguns são fictícios e outros, reais. Os reais, mesmo que um dia a gente não tenha condições de conhecer, acaba conhecendo pela leitura, passa a ter ideia dos hábitos e costumes locais.”

Jaqueline trabalha com crianças e adultos. “A criança começa a criar gosto pelo livro primeiramente por causa das imagens e depois pelas histórias. É assim que se torna um leitor. Alguns adultos com pouca escolaridade começam pelos livros infantis e depois vão evoluindo. É gratificante compartilhar com alguém o gosto pela leitura”, disse a agente, estimulada a ler pela mãe desde criança. “Li meu primeiro livro com 11 anos, A Ilha do Tesouro (clássico da literatura infanto-juvenil escrito por Robert Louis Stevenson)”, lembra.

A Secretaria da Educação, por meio de suas bibliotecas, forneceu ao projeto um kit com 100 livros, distribuídos entre os agentes. Cada colaborador fica com o livro por até um ano, e as famílias por até duas semanas. Caso a família solicite, o prazo é prorrogado. Depois, os livros são devolvidos às bibliotecas públicas.

O projeto envolveu de tal forma a comunidade, segundo Alexandre Nogueira, que alguns dos agentes da primeira turma, formada em 2011, seguiram no projeto, só que agora como voluntários. É a leitura transformando vidas.

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