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Brasil desacelera e cresce 0,2% no 1º tri, com indústria e investimentos em queda

Por Rodrigo Viga Gaier

Afetada pelo mau desempenho da indústria e dos investimentos, que vêm recuando desde meados de 2013, a economia brasileira perdeu fôlego no início deste ano, quando a presidente Dilma Rousseff tenta a reeleição.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,2 por cento no primeiro trimestre, na comparação com os últimos três meses do ano passado, quando a expansão foi de 0,4 por cento. Em relação ao primeiro trimestre de 2013, o crescimento foi de 1,9 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira.

O resultado, apesar de ter vindo dentro do esperado -pesquisa Reuters apontava 0,2 por cento na comparação trimestral e 2,1 por cento na anual-, mostrou que o consumo do governo sustentou o leve crescimento agora, numa di-nâmica que deixa mais evidente a confiança abalada de boa parte dos agentes econômicos.

Diante deste cenário, analistas já afirmam que vão rever para baixo suas previsões de expansão para 2014.
Segundo o IBGE, os investimentos caíram 2,1 por cento no trimestre passado, comparado com os três meses anteriores, marcando três trimestres seguidos de queda. Sobre igual período de 2013, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) também teve queda de 2,1 por cento.

Com isso, a taxa de investimentos em relação ao PIB recuou a 17,7 por cento no trimestre passado, o pior resultado para o primeiro trimestre desde 2009.

“Houve um efeito conjugado de vários fatores negativos. Queda na produção interna, mais importação de bens de capital… e desempenho ruim da indústria de transformação”, afirmou a economista do IBGE, Rebeca Palis.

A indústria também encolheu pelo terceiro trimestre seguido agora, com queda de 0,8 por cento entre janeiro e março sobre o período imediatamente anterior. Sobre um ano antes, a atividade industrial cresceu 0,8 por cento.

E a perspectiva para a indústria não é boa, já que a confiança industrial está no menor nível desde 2009.

A economia do Brasil tem crescido de forma errática desde 2011 apesar das inúmeras medidas de estímulo adotadas pelo governo, cenário que pode durar por muito tempo ainda. Dentro da equipe econômica, há avaliações de que ele persistirá até o início de 2016.

Mesmo com o mau desempenho dos investimentos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não estão previstas novas medidas de estímulos para este segmento, mas que é necessário incentivar o consumo.

Governo Segura

O consumo do governo cresceu 0,7 por cento no trimestre passado sobre os três meses anteriores, perdendo um pouco de força mas ainda com resultados positivos há um ano. Sobre o primeiro trimestre de 2013, a expansão foi de 3,4 por cento.

“A despesa do governo tem a ver com eleição… a cada ciclo eleitoral isso se repete”, acrescentou Rebeca, referindo-se à maior concentração de gastos do governo no início de anos eleitorais devido à legislação que os restringe no segundo semestre.

Por outro lado, o IBGE mostrou que o consumo das famílias registrou retração de 0,1 por cento nos três primeiros meses deste ano sobre o período anterior, um dos efeitos nocivos da inflação alta dos últimos meses. Foi o primeiro resultado negativo desde o terceiro trimestre de 2011.

“A dinâmica é preocupante pelo fato de o consumo do governo ter segurado o crescimento. E quando olhamos para a frente, não vemos muitos gatilhos para o cenário mudar, porque a confiança continua caindo tanto da indústria quanto do consumidor”, afirmou a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro.

A economista da Tendências disse que vai piorar sua previsão de crescimento do PIB neste ano a 1,5 por cento, “ou menos”, em comparação com a previsão anterior de 1,9 por cento.

Para o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, só uma improvável reação rápida da economia garantiria uma expansão no ano acima de 2 por cento.

“Sabíamos das limitações do lado da oferta, mas agora a demanda está desaceleran-do… A economia vai precisar reagir com muita rapidez nos próximos trimestres para alcançar crescimento de mais de 2 por cento, o que não a-chamos que vai acontecer. Deve ficar mais perto de 1,5 por cento”, disse Serrano.

A mais recente pesquisa Focus do Banco Central, divulgada na última segunda-feira, mostrava os economistas de instituições financeiras projetando uma alta de 1,63 do PIB neste ano, enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falava em 2,3 por cento.

Revisões

O IBGE revisou os resultados passados levando em consideração a nova composição da série da produção industrial. Com isso o crescimento do PIB em 2013 passou a 2,5 por cento, um pouco melhor do que os 2,3 por cento informados anteriormente. O resultado do quarto trimestre foi piorado, quando comparado com o período anterior, para alta de 0,4 por cento, ante expansão de 0,7 por cento.

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