A eleição presidencial está caminhando rapidamente para ser decidida apenas no segundo turno, a julgar pelos progressivos índices de rejeição popular à presidente Dilma Rousseff e pelo crescimento dos candidatos oposicionistas na preferência do eleitorado, particularmente o senador Aécio Neves, o principal nome da oposição.
A mais nova manifestação de descontentamento da sociedade foi revelada por pesquisa divulgada pelo Ibope. Segundo a pesquisa, Dilma oscilou negativamente em relação ao último levantamento, saindo de 37% das intenções de voto em abril para 40% em maio e voltou a 38% em junho, enquanto Aécio Neves saiu de 14% em abril para 20% em maio e agora alcança 22%. O pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, soma 13% ante 11% em maio e 6% em abril.
A percepção do brasileiro em relação à situação do país, à conjuntura econômica e ao governo só tem deteriorado, desde que milhares de pessoas tomaram as ruas para protestar contra a corrupção e a má-qualidade dos serviços públicos, como revelou recente-mente um levantamento inédito feito pela Pew Research Center, um dos principais institutos de pesquisa dos Estados Unidos.
O organismo diz ter visto oscilações tão acentuadas apenas em lugares que passaram por crises ou rupturas institucionais, como o Egito. O nível de frustração expressado pelos brasileiros foi atribuído principalmente ao aumento da inflação. A insatisfação com a realização da Copa do Mundo também contribuiu, com 61% dos entrevistados respondendo que o evento é ruim por tirar recursos que poderiam ser usa-dos em serviços públicos.
“Não há marqueteiro que leve o PT à vitória”, disse Aécio Neves, ao participar da convenção estadual do PSDB que confirmou a escolha do tu-cano Pimenta da Veiga para concorrer ao Governo de Mi-nas, com Dinis Pinheiro (PP) como vice e Antonio Anastasia como candidato ao Senado, em uma chapa com mais 19 parti-dos que integram o “Movimento Todos por Minas”.
“O Brasil quer mudanças e nós seremos a mudança que o Brasil espera”, afirmou Aécio, muito aplaudido por deputados, prefeitos, vereadores e milhares de militantes. Aécio declarou estar esperançoso por um tempo melhor, “de maior seriedade na vida pública e eficiência nas ações do governo”, e sugeriu a Dilma que se apo-sente tamanha a bagunça promovida pelo governo petista.
Aécio Neves frisou que Dilma age “de forma acintosa para com os brasileiros” ao dizer que deixará para o futuro um legado de inflação controlada e crescimento contínuo da economia. “Logo a presidente da República que permitiu o descontrole da inflação, que volta a atormentar a vida da trabalhadora e do trabalhador brasileiro. Logo a presidente que deixará como herança o terceiro pior ciclo de crescimento do Brasil em toda a nossa história republicana”, justificou.
Aécio reiterou ainda que, na disputa pela Presidência da República, não está em jogo apenas a vitória de um candidato, partido ou coligação, mas, sim, “uma oportunidade concreta de encerrar este ciclo perverso de governo, que tanto vem infelicitando a nação. A cada mentira e a cada infâmia espalhada pelo outro lado, eu responderei com a minha história de vida, e com uma verdade a cada momento. Isso nos diferenciará dos nossos adversários”.
O senador criticou, ainda, a convocação de cadeia nacional de rádio e TV pela presidente Dilma, dizendo que ela preferiu o silêncio do estúdio e o distanciamento da população para falar sobre a Copa do Mundo, já que está acuada e sem ambiente para o contato direto com o torcedor, sob pena de ser hostilizada, como ocorreu no ano passado, na abertura da Copa das Confederações, em Brasília.
Essa antipatia tem se manifestado de forma tão explícita que a geração mais velha começa a se lembrar até mesmo da controvertida relação dos militares com a seleção brasileira, especialmente o ex-presidente Médici, que um dia tentou escalar o time, sendo prontamente repelido pelo falecido técnico e jornalista João Saldanha. Nem por isso Médici deixava de ir ao Maracanã torcer pelo Fluminense, mesmo no período mais duro do regime, marcado por perseguições e mortes de adversários.
Daí fica a pergunta para reflexão: do que será que Dilma tem realmente medo? – Dilma foi ao Itaquerão, mas não fez discurso e nem teve seu nome anunciado para a platéia. Mas resta o imponderável, avalia o Planalto.