Capacitação de profissionais de saúde, locais e incentivo ao aleitamento materno visam transformar a realidade de algumas das cidades com maior índice de mortalidade infantil de todo o país
Criada há 25 anos com a missão de promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de crianças e adolescentes, a Fundação Abrinq buscou o auxílio da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, para desenvolver projeto em favor de famílias carentes do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo. A partir da parceria, quatro cidades da região passaram a receber visitas periódicas de docentes do curso de Enfermagem, com intuito de capacitar profissionais de saúde locais e incentivar o aleitamento materno, em busca de reduzir alguns dos mais altos índices de mortalidade infantil do país.
O projeto de 18 meses teve início na metade de 2014 e vai até novembro deste ano. As enfermeiras obstetras e docentes da FMABC, Magali Motta e Luciane Morelis de Abreu, estão à frente do trabalho, cuja coordenação está a cargo do CESCO – Centro de Estudos de Saúde Coletiva do ABC. “Ficamos bastante contentes com o convite da Fundação Abrinq, que é uma forma de reconhecimento da expertise do CESCO e da FMABC nas áreas de saúde da criança e da mulher. Ao mesmo tempo, essa parceria tem permitido o desenvolvimento de trabalho fundamental nos municípios do Vale do Ribeira, que tem melhorado sobremaneira a qualidade de vida dessa população, que vive em uma das regiões com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país”, destaca a professora responsável pela disciplina de Saúde Coletiva da FMABC e conselheira do CESCO, Dra. Vânia Barbosa do Nascimento.
Juquitiba, Miracatu, Pariquera-Açu e Peruíbe são as quatro cidades atendidas na parceria FMABC-Abrinq. Participam da iniciativa todos os profissionais locais envolvidos na assistência, entre os quais médicos, equipes de enfermagem e agentes de saúde. Os meses de julho e agosto de 2014 serviram para capacitação e treinamento, com foco na correta orientação durante as consultas de pré-natal e no incentivo ao aleitamento materno. “No começo sentíamos os profissionais inseguros e até mesmo desmotivados. A partir dos treinamentos, essa realidade mudou. Hoje eles já conseguem atuar sozinhos, com segurança e entusiasmo”, revela a professora de Enfermagem da FMABC, Magali Motta, que acrescenta. “Atualmente o trabalho está em fase de consultoria técnica. Realizamos visitas trimestrais para treinamentos específicos, de acordo com as dúvidas e dificuldades encontradas no dia-a-dia pelas equipes de saúde dos municípios”.
Outro desafio em andamento é a implantação de protocolos, a fim de uniformizar as condutas e melhorar os atendimentos. Solicitação de exames, acompanhamento pré-natal, rotinas de atendimento, exame físico e relatórios diversos estão na lista de processos em fase de padronização.
Fundação Abrinq e FM ABC estão distribuindo materiais educativos para os profissionais, que servirão de apoio nos atendimentos à população. “Esperamos que as unidades de saúde atuem efetivamente na promoção da saúde das gestantes e no incentivo ao aleitamento materno. São cuidados fundamentais, que certamente melhorarão a qualidade de vida naquela região. Além disso, também temos capacitado profissionais das equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). Muitas mulheres moram em locais isolados, muito distantes das unidades de saúde, e esses agentes conseguem chegar até elas e orientá-las adequadamente”, completa a docente Magali Motta.