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Para onde vai o governo Dilma?

Não restam dúvidas de que para a maioria dos brasileiros 2015 será um ano de grandes dificuldades. E as causas são muitas. A começar pelo governo da presidente Dilma que inicia o seu segundo mandato em meio a uma crise de credibilidade relacionada a escândalos de corrupção e ainda em função de erros e equívocos de diversas ordens cometidos já na sua primeira gestão. O que não é nada interessante para uma governante que se autointitulava defensora de um modelo de desenvolvimento econômico capaz de atrair investimentos, gerar empregos e distribuir renda, mas que encerrou seu primeiro mandato com a economia do país praticamente estagnada.

O baixo crescimento da economia brasileira em 2014 não é algo que possa ser esquecido dado que os seus reflexos estão presentes na sociedade e mesmo com a montagem de uma nova equipe econômica as possíveis mudanças de rumo que se anunciam não trarão melhorias no curto prazo, exceto para os que vivem de renda.

Isto porque o ajuste fiscal que está sendo implementado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não aponta para a melhoria dos fatores que geram perspectivas aos que dependem da produção e do emprego. Medidas que elevam a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 5% para 5,5%, e ainda a Taxa Selic para 12,5% apenas beneficiam – volto a insistir – os que vivem da especulação financeira. O que, por sua vez, revelam ainda uma política de promoção da desigualdade social e não seu oposto, apesar dos integrantes do governo e a própria presidente da República dizerem o contrário.

Sendo assim, o plano de austeridade com vistas a recuperar a credibilidade do governo acabam por revelar que sua primeira gestão foi um retumbante fracasso. Não fosse assim por que então, logo após as eleições, a presidente assumiu outro modelo econômico contrário ao que vinha pregando e praticando?

Para que possamos entender melhor a questão basta que olhemos os números relativos ao PIB e ao nível de empregos entre 2011 e 2014. Durante esse período a economia brasileira esteve centrada no baixo crescimento, com consequências que já eram visíveis bem antes do período eleitoral. Segundo o IBGE, de janeiro a novembro de 2014 o número de empregados na indústria caiu 3,1%. O pior resultado desde 2009.

Apesar da gravidade da situação tudo foi feito para que tais dificuldades permanecessem escondidas. Principalmente no período das eleições.

Para nós, trabalhadores, o ajuste fiscal patrocinado pelo governo e calcado em medidas recessivas que implicam em desemprego e perda de direitos não nos interessa. Por isso mesmo não vamos aceitar que sejamos nós a pagar essa conta. Que ela seja debitada na conta daqueles que nesses tempos sombrios locupletam-se, por meio das altas taxas de juros, com lucros extraordinários e sem esforço algum. Até porque a classe trabalhadora nem de longe pretende retroceder nas suas conquistas, nos seus direitos. Do mesmo modo que quer discutir com o governo e a sociedade os rumos da economia e do Brasil.

Mas para dialogar com os movimentos sociais a presidente Dilma precisa dar sinais efetivos de que está disposta a ouvir e a absorver as demandas dos trabalhadores. Para tanto, não basta que envie a esse diálogo emissários sem poder efetivo de decisão.

Afinal, não foi a própria Dilma que, consumado o pleito eleitoral, apresentou-se ao país falando em diálogo? Então que seja ela a dar o primeiro passo e possa revelar de público que aceita encampar sugestões que impliquem em mudanças de modo a levar o Brasil a retomar o caminho do desenvolvimento econômico tendo como prioridade a valorização do trabalho e do trabalhador e o combate à nociva desigualdade social que historicamente nos assola.

Dar início ao seu segundo mandato vetando a correção da tabela do Imposto de Renda, restringindo o acesso a benefícios sociais e ao credito, aumentando juros, impostos e o preço dos combustíveis, entre outros, torna evidente que a disposição da presidente Dilma para o diálogo com os trabalhadores e a promoção da justiça social é apenas para “inglês ver”.

*Aparecido Inácio da Silva é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e advogado.

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