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Pacientes com falta de ar jogam futebol em torneio de “pebolim humano”

O setor de Reabilitação Pulmonar da Faculdade de Medicina do ABC realizou na manhã de 6 de maio rodada do primeiro torneio de pebolim humano para pacientes com problemas respiratórios da FMABC. Trata-se de esporte totalmente adaptado para esse público-alvo, que apresenta grande dificuldade para realização de atividades simples do dia a dia, como subir alguns lances de escada ou caminhar de um cômodo para outro em casa, por exemplo. Cansaço, fraqueza muscular, sedentarismo e falta de ar são os principais sintomas dos pacientes, vítimas de doenças como bronquite crônica, enfisema pulmonar, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), asma e outras patologias pulmonares.

“Como todos os usuários sofrem de falta de ar, jogar futebol, aparentemente, seria impossível. Entretanto, conseguimos quebrar esse paradigma para proporcionar momentos de descontração, harmonia e de integração entre pacientes, familiares e equipe assistencial”, comemora a fisioterapeuta responsável pela Reabilitação Pulmonar da FMABC, Selma Denis Squassoni.

O primeiro campeonato de pebolim humano da FMABC contará com rodadas mensais até o final do ano. Ao todo são cerca de 40 pacientes divididos nas equipes que disputam o torneio. Cada partida tem duração de 15 minutos – três tempos de 5 minutos com intervalos para respiração – e seis jogadores de cada lado. O modelo de jogo segue as mesmas regras do pebolim de mesa. Os participantes são divididos pelas regiões da quadra – gol, defesa e ataque – e não podem soltar as mãos de barras instaladas ao longo do campo de jogo, que limitam a movimentação somente para os lados.

Sugestão atendida

A ideia do pebolim humano partiu do paciente Antonio Carlos Pezente, que no início de 2015 tomou conhecimento do esporte pela internet e compartilhou o vídeo no grupo da Reabilitação Pulmonar no Facebook. A sugestão foi muito bem recebida e, desde então, a equipe assistencial passou a trabalhar para viabilizar as partidas.

“Conseguimos autorização da Diretoria para desenvolver o projeto e acionamos o setor de manutenção, para que pudéssemos montar a quadra com as barras. Foi uma iniciativa bastante trabalhosa, que envolveu várias placas de madeira, portinholas para acesso dos pacientes, abertura para os gols e diversos outros detalhes, que conseguimos viabilizar graças à boa vontade e apoio dos funcionários da faculdade”, detalha Selma Squassoni.

Uma partida-teste ocorreu em dezembro, quando o esporte passou a integrar oficialmente o programa SuperAção da Reabilitação Pulmonar, cujo objetivo é promover a reinserção social dos pacientes. Entre as atividades em andamento constam palestras educativas, aulas de dança, grupo de coral, pilates, oficinas de artesanato com materiais recicláveis, viagens terapêuticas com aulas de surf no Guarujá e até mesmo aulas de tênis.

“O campeonato de pebolim humano é uma grande conquista. Conseguimos colocar em prática a sugestão dos próprios pacientes, aumentando a variedade de atividades propostas, melhorando a integração e reforçando conceitos de autonomia e de qualidade de vida. A partir dessa iniciativa, fortalecemos a ideia de que os pacientes podem e devem conviver em sociedade normalmente, sem deixar de realizar atividades cotidianas por conta da falta de ar e dos problemas pulmonares”, explica o professor titular de Pneumologia da FMABC, Dr. Elie Fiss.

Mais qualidade de vida

Inaugurada em 2001 pela disciplina de Pneumologia, a Reabilitação Pulmonar da Faculdade de Medicina do ABC realiza cerca de 1.000 atendimentos mensais – a grande maioria via Sistema Único de Saúde (SUS). O local é destinado principalmente a adultos e idosos portadores de doenças pulmonares. “Temos pacientes que chegam em cadeira de rodas e depois de alguns meses de tratamento passam a vir sozinhos e andando”, cita Dr. Elie Fiss.

Os atendimentos na FMABC ocorrem de segunda a sexta-feira no período da manhã, em sessões de exercícios que duram uma hora. Os grupos frequentam o espaço duas ou três vezes por semana – segundo a necessidade – e têm atividades em bicicleta ergométrica, de alongamento e reeducação postural, para fortalecimento de membros superiores e inferiores, assim como palestras educativas. “Com o trabalho contínuo de reabilitação, percebemos melhora de até 30% da força muscular, na qualidade de vida e independência. Os pacientes aprendem a respirar melhor, praticam exercícios e passam a desenvolver atividades diárias com mais disposição e facilidade”, garante a fisioterapeuta responsável pela Reabilitação Pulmonar da FMABC, Selma Denis Squassoni.

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