Quando as forças se unem, somos muito mais fortes, e foi isso exatamente o que aconteceu.
A alegria, a euforia de uma Cidade inteira, Chapecó, com pouco mais de 200 mil habitantes, no estado de Santa Catarina, no Sul do nosso País, casa da Chapecoense, um Clube ainda pequeno, mas com mostras de um grande time.
Os corações de todos estavam preparados para a busca de uma vitória e a conquista de um Título inédito e mais que isso, a conquista de um povo que mais que uma Cidade, mostrou que é uma família.
Os torcedores estavam esfuziantes com a perspectiva de um jogo especial, a decisão da Copa Sul Americana.
A Festa da volta estava toda programada, para uma recepção digna de um Campeão, quem sabe com uma vitória para coroar ainda mais esse momento, numa situação inédita, em um momento único da Cidade, a expectativa era muito grande, e a euforia estava estampada no rosto de cada habitante.
Subitamente, vem a notícia, vem a agonia, a tristeza, “não pode ser”, “não é verdade”, “meu Deus”, mas, ainda temos a esperança de sobrevivência, que aos poucos foi se dissipando e a realidade da tragédia foi sendo constatada, o avião que levava a comitiva da Chapecoense, havia caído, consternando toda Cidade de Chapecó, todo o Estado de Santa Catarina, todo o Brasil, todo o povo da Cidade de Medellín, toda Colômbia, todo futebol Mundial, enfim, todo nosso Universo da bola, que não acreditavam no que havia acontecido, mas, que aos poucos foram constatando que a tragédia estava consumada e que o nosso futebol estava perdendo atletas, dirigentes, jornalistas, uma delegação quase que inteira num acidente mortal que chocou à todos nós.
A alegria inicial, a euforia, a expectativa, se transformou numa tristeza imensa, numa dor intensa que feriu e arrasou a Cidade de Chapecó, como também todos os torcedores brasileiros e do mundo inteiro quero crer.
Quantos pais de famílias, quantos filhos, quantos amigos, atletas da Chapecoense, treinador, dirigentes, jornalistas, e quantas pessoas mais, que tristeza, que agonia, não mereciam isso, estavam todos numa alegria só, esperando o momento de entrar em campo e mostrar aquele futebol bonito, vistoso, bem orientado pelo Caio Junior, com bons jogadores, como seu maior artilheiro, Bruno Rangel, o goleiro Danilo, um dos heróis da classificação para a final, quando defendeu com a ponta do pé, praticamente a última bola do jogo.
Alguns desses jogadores que pereceram, já estavam inclusive de malas prontas para alçar voos maiores em outros Clubes.
Quis o destino que esse trabalho fosse interrompido, de uma forma brusca, sem chance alguma para uma luta igual, sem que pudessem se defender, arremessados de forma abrupta e intensa, e poucos, mas, infelizmente, pouquíssimos conseguiram sobreviver, o sonho acabou, perdemos nossos guerreiros.
O futebol tem suas rusgas, tem suas rivalidades, tem elementos que atrapalham esse convívio, mas, quando o coração se entristece, quando a alma fica amargurada nos levando ao choro, quando acontecem perdas irreparáveis, tudo isso fica de lado e o coração só tem espaço para o carinho, para o amor, para o bem estar daqueles que ficaram e terão que viver sem seus entes queridos, e aí vivenciamos o amor de toda essa população, juntando-se com todos aqueles que de uma maneira ou outra estão ligados ao futebol, chorando como se aquilo que aconteceu também pertencesse à sua família.
Chapecó de hoje em diante virou a Cidade de todos, a Chapecoense passou a ser o time de todos nós, como se fôssemos componentes dessa torcida maravilhosa que entusiasmou e carregou seus valentes e valorosos atletas na busca de títulos e mesmo que por sina do destino esse jogo final não pode ser realizado, o Título de Campeão da Sul Americana é da CHAPE e com certeza seus atletas estarão comemorando, de um lugar bem longe daqui, mas, com o mesmo entusiasmo de sempre, com a mesma paixão, unidos sempre em busca das vitórias.
Jamais, jamais, vocês serão esquecidos, guerreiros, que lutaram até o fim e perderam apenas para a “morte”, pois dentro do campo de jogo vocês foram sempre vitoriosos.
O que será da Chapecoense daqui pra frente, não basta apenas uma tarjeta preta em uma das mangas das camisas dos nossos Clubes, quando dos próximos jogos, uma mensagem de apoio, de reverência, de pesar, temos que dar muito mais, quem sabe até a cessão de atletas que estejam disponíveis em alguns dos grandes Clubes do Brasil para que aos poucos a Chapecoense possa se reerguer, um apoio total da CBF, das Federações, para que esse Clube, para que sua torcida fiel, sua Cidade Chapecó não perca aquele brilho de entusiasmo pelo futebol da CHAPE, não perca a vida do futebol daquela Cidade.
São perdas irreparáveis, mas, foi o destino que nos tirou a companhia desses atletas que pertenciam a um time de guerreiros, mas, temos certeza que com a garra, o denodo, a persistência, a união dessa população, a competência da Diretoria, e a cooperação de todos, principalmente da CBF, e dos Clubes, reerguer esse time será possível sim.
Temos que enaltecer muito a forma digna e emocionante com que os Colombianos, por parte do Atlético Nacional e seus Dirigentes, que além de declarar que o Campeão da Sul Americana é a Chapecoense, fizeram uma homenagem digna de respeito, junto com seus jogadores e sua torcida, colocando mais de 40 mil torcedores no Estádio Atanásio Girardot, onde aconteceria o jogo da final, diziam, “não tem como nos despedirmos deles como merecem, fomos irmãos neste sonho e isso é motivo de orgulho para nós” e cantavam e gritavam o nome da Chapecoense, dá-lhe Chape, dá-lhe Chape! o tempo todo, foi de arrepiar, será que faríamos o mesmo?
Mostraram ao Mundo que futebol pode sim, além da disputa em campo, ter solidariedade e amizade fora dele. Um capítulo que ficará marcado por toda a vida nos livros da história do nosso futebol.