X

USP: descobertos compostos que podem tratar febre amarela

Estudo do Instituto de Ciências Biomédicas pode representar economia considerável de tempo e recursos no combate à doença

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP identificaram moléculas já testadas, e farmacologicamente ativas para outras doenças, que apresentam potencial no tratamento da febre amarela. As análises foram realizadas em culturas de células humanas de fígado infectadas pelo vírus causador da doença.

Os cientistas da Universidade de São Paulo testaram 1.280 compostos e 88 deles (6,9%) reduziram a infecção em 50% ou mais. A estratégia é conhecida como “reposicionamento de fármacos” e pode encurtar em vários anos a chegada de medicamentos do laboratório até as farmácias.

Das moléculas mais promissoras, duas delas também tiveram eficácia contra o vírus da dengue. O estudo traz resultados inéditos ao localizar moléculas de espectro amplo de funções farmacológicas, mas não descritas como anti-febre amarela. Isso oferece uma oportunidade para a desenvolvimento de fármacos específicos no tratamento da doença.

Modelos

De acordo com o pesquisador Lucio Freitas Junior, um dos autores da pesquisa, para desenvolver uma droga desde o começo, ou seja, descobrindo um composto, pode-se levar de dez a doze anos, a um custo de até alguns bilhões de reais.

Os processos de desenvolvimento de fármacos seguem fases de teste in vitro ou in vivo em modelos experimentais, além de análises de segurança, para que depois sejam iniciadas as fases de teste clínico, em humanos.

Os procedimentos demandam muito tempo e dinheiro, segundo o cientista. “A partir da estratégia de reposicionamento de fármacos, quando você começa por algo que já foi testado e já existe uma indicação boa, o tempo fica reduzido para dois a quatro anos, a um custo reduzido. O estudo pode representar uma economia brutal de tempo e recursos na descoberta de um tratamento para a febre amarela”, destaca o pesquisador.

Relevância

O trabalho foi desenvolvido pelos pesquisadores do ICB Carolina Moraes e Denise Pilger; professor Paolo Zanotto, do Departamento de Micro-biologia; Sabrina Queiroz e Laura Gil, da Fiocruz; além de Lucio Freitas Junior, que ressalta que a ideia é desenvolver uma alternativa para a vacina da febre amarela. “É muito relevante que a pesquisa tenha sido feita no Brasil e 100% na USP”, afirma.

“Agora, o próximo passo é reunir outros cientistas em um consórcio de diferentes grupos de pesquisa para trabalhar com os dados obtidos, que são inéditos. Temos excelentes moléculas e trabalhando dessa forma diferenciada vamos conseguir agregar valor ao que fazemos. O foco é o produto final, fazer algo que, de fato, seja diferenciado para o paciente”, explica Lucio Freitas Junior.

O próximo passo é modificar as moléculas para aumentar a potência contra o vírus e diminuir os efeitos tóxicos sobre as células. Caso alguma das moléculas que se mostraram promissoras para tratar a febre amarela necessite ser modificada, os cientistas agregarão valor a elas e, com isso, poderão surgir algumas patentes.

Além do ensaio de febre amarela, o grupo de pesquisa também desenvolveu análises de triagem para os micro-organismos causadores de zika, dengue, chikungunya, leishmania e Chagas, entre outros.

Imprensa:

This website uses cookies.