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Em momento de convulsão nacional, mostra expõe fragilidades do sistema educacional

Escancarando a urgência do tema, o artista Bruno Novaes abre mostra eloquente no Paço das Artes retratando experiências vividas durante anos como professor.

No dia 02 de abril, no Paço das Artes, abre a exposição “Capítulo 2: O professor deverá ser o último a se retirar, mesmo nos dias de chuva” do artista Bruno Novaes, mostra contemplada pela Temporada de projetos do Paço das Artes. Natural de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, o artista apresenta uma pesquisa que vem desenvolvendo durante anos, revelando uma poética que conjectura questões sobre educação, sexualidade, bullying, e violência. O trabalho do artista resgata alguns documentos pessoais, cujo objetivo é mergulhar em suas memórias, experiências e angústias vividas em sala de aula, até culminar em sua demissão.

Por ter trabalhado durante anos como arte educador em escolas públicas e privadas, Novaes traz uma profunda reflexão a cerca do sistema educacional brasileiro, tema latente em discussão na atual esfera política, já que vivenciamos um período delicado e polêmico quando o assunto são as medidas que vêm sendo discutidas e adotadas sobre o futuro da educação no país, uma vez que o conservadorismo exacerbado é aclamado pela alta cúpula do estado, fato que para muitos especialistas indica um retrocesso perigoso para a educação.

Segundo o artista, que sofreu preconceito por sua sexualidade quando atuava como docente, “as obras aqui exibidas, são uma forma de resposta a um sistema de educação, opressivo e castrador, pois as escolas exercem um papel determinante na construção de hábitos, costumes e no modo de ser de um indivíduo” cita Bruno Novaes. Tais fatos em discussão tornam pertinente a chegada dessa mostra em âmbito institucional e de alta circulação pública, pois a recorrência e emergência do tema extrapola os limites das fronteiras institucionais, abarcado por uma problemática social, a exemplo da recente chacina que ocorreu em uma escola de Suzano, resultando em 8 mortos.

Essa exposição revela um lado experimental de sua produção e surgiu como desdobramento de sua mostra individual realizada em meados de 2018, na Casa do Olhar Luiz Sacilotto em Santo André, no ABC Paulista. O espectador que visitar a mostra poderá ver uma série de desenhos em forma de manual de conduta em que o artista incorpora observações do cotidiano, tanto dos alunos, quanto as regras de procedimentos especificados ao corpo docente. Enquanto uma grande instalação ocupa parte do espaço, composta por 300 quilos de giz, espalhados sobre o chão, elucidando áudios com depoimentos de professores cuja voz já foi censurada.

O espectador ainda é envolvido pela obra interativa “Ensino confessional” onde uma carteira é locada ao centro da sala, unida a um caderno de caligrafia, no qual é sugerido que o público em anonimato escreva confissões, suas verdades, indagações, sem haver coibição, dessa forma expondo um ato que remete ao expurgo. O artista também exibirá uma obra inédita, que faz parte da série “Pequenos Legados”, uma representação sensível que resgata pequenos objetos icônicos do cotidiano escolar, pintados minuciosamente em aquarela que envolve o observador em um universo que beira o lúdico.

A abertura da exposição ocorrerá no dia 2 de abril, e antecede o principal Festival Internacional de Arte do país, a SP-Arte, que movimenta toda a cidade de São Paulo com diversas ações durante toda a semana. Bruno será também um dos destaques no Festival SP-Arte e é uma das jovens promessas das Artes Visuais. A mostra ficará em exibição até o dia 09 de junho no Paço das Artes e tem entrada gratuita.

Serviço:

Paço das Artes
Abertura: 2 de abril as 19h.
Horário de Funcionamento: Ter. á Sab 11h ás 20h / Dom. 11h ás 18h.
Endereço: Av. Europa, 158 – Jardim Europa, São Paulo – SP.

Imprensa:

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