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Memórias do Futebol Mauaense: Edvaldo Rodrigues da Silva

Conhecida por sua grande quantidade de clubes e um sem número de competições (contando as copas, festivais, torneios e os campeonatos da liga), a várzea de Mauá e sua liga municipal de futebol contabiliza cerca de 320 times filiados, arregimentando expressivo número de pessoas quando em dia de jogos e outras atividades recreativas organizadas por esses times. Somente entre jogadores, mais de 7000 “atletas” amadores compõem esse universo de pessoas, personagens, figuras e trajetórias, em sua maioria absoluta de trabalhadores, que a cada final de semana promovem com suas comunidades o espetáculo popular do futebol amador lotando campos em festa, futebol e amizades.

Fonte inesgotável de resenhas, estórias, exemplos e referências, a várzea apresenta nosso personagem da semana, conhecido mais como “Cabeção” do que por seu verdadeira nome. Poucos são os “boleiros” de Mauá que conhecem o senhor Edvaldo Rodrigues da Silva, mas quando falam “Cabeção do Corintinhas”, todos imediatamente remetem suas lembranças ao grande jogador do EC Corinthians, o Corintinhas do Parque das Américas.

Vida e futebol de Cabeção

Natural do distrito de Nova Glória, município de Paulo Afonso (BA), Edvaldo Cabeção nasceu em 02 de fevereiro de 1951, mas aos quatro anos de idade já estava em São Paulo com sua família; na capital paulista, Cabeção e família perambularam por diversos bairros da Zona Leste (Vila Anastácio, Sumarezinho, Vila Cachoeirinha, Vila Sísper, Vila Formosa, Vila Rica e Vila Nova Iorque) até novembro de 1967, quando enfim chegou na cidade que o acolheria por décadas.

Apesar de suas raízes no Parque das Américas e no Corinthians local, o corintiano Edvaldo Cabeção deu seus primeiros passes em outro Corinthians, no caso, o do Jardim Itapeva, isso em 1968. Depois, o canhoto meia-esquerda jogou por Itapark (1968 até 1970, depois 1972), Parque das Américas FC (1970 e 1971), Palestra (1973 até 1975), Vila Falchi (1975 e 1976), Itapark (1976 até 1979), AE Mauá (1981) até chegar em seu querido e amado Corintinhas do Parque. No alvinegro do 2º bairro mais populoso de Mauá, Cabeção foi um dos fundadores do time em dezembro de 1981 cuja denominação inicial era Escala 7; o maior responsável pela existência do time foi Expedito Rodrigues da Silva, que para Edvaldo era um “segundo pai”, o patrono do Corintinhas.

Gols contra e o fim da invencibilidade

Quando seu Expedito deixou de cuidar das coisas do time, Edvaldo Cabeção (que jogou no alvinegro entre 1981 até 1984) assumiu o comando técnico até chegar à presidência em 1985. Mesmo como presidente do Corintinhas (onde ficou até 2012), Cabeção ainda jogou por mais dois anos (1985 a 1987) no Flamengo do Zaíra. Times de fábricas foram muitos: Automasa (1972), Cisplatina Santo André (1980), Liquigás, onde segundo o próprio Cabeção “me colocaram de lateral esquerdo e fiz dois gols contra num mesmo jogo contra a Pirelli, no campo do Cerâmica. A partida foi 2×1 para o adversário, que quebrou uma invencibilidade de 38 jogos sem derrota do meu time; até hoje não esqueço esse jogo”, relata às gargalhadas.

Sua disposição para o futebol sempre foi o mesmo para o trabalho, onde aos 12 anos de idade teve início sua vida laboral; depois de office-boy na editora Enciclopédia Barsa, trabalhou em lojas de tecido, fabrica de vidro, loja de rolamentos, estoquista, nas industrias Ferkoda e por fim Recap, onde merecidamente aposentou-se em janeiro de 2010. Casado com a dona Izaulina Fernandes da Silva, que durante muitos anos colaborou com o Corintinhas na função de “lavadeira” do time, Cabeção é pai de dois filhos (um em memoriam) e avô de 5 netos que certamente tem muito por se orgulhar dessa referência de vida e dedicação ao futebol e à boa amizade entre os homens, seja com o nome ou apelido que tiver.

Uma das primeiras formações do Corintinhas, no extinto campo do Itapark, hoje Comunidade do Santa Rosa. Em pé: Lampião (in memoriam), Cabeção (em destaque), Curu, Tidão, Tinho, Luiz, Nato e Sergião. Agachados: Pulguinha (in memoriam), Gomalina, Edgar, Zé do Norte, Zelão e Alfredo. Foto: Acervo pessoal de Edvaldo Rodrigues da Silva. Data: 1982.
O time vice-campeão da Segunda Divisão do amador de Mauá, em pé o presidente Cabeção (em destaque), técnico Cidinho, Itamar, Ivan, Coelhão, Gilson, Gordinho (in memoriam), Tidão, Zé do Norte e Tony. Agachados: Pulguinha (in memoriam), Sete, Nany (in memoriam), Edgar, Nato, Nelsinho, Guiri e Angélica (filha do Cabeção); crianças: Rodrigo, Anderson, Alexandre, Patrícia, (Rodrigo Cabeça, filho do Cabeção, in memoriam). Foto: Acervo pessoal de Edvaldo Rodrigues da Silva. Data: 1985.
Dois gigantes do Corintinhas do Parque das Américas, Expedito Rodrigues da Silva e Edvaldo Rodrigues da Silva poderiam até ser parentes em razão do sobrenome, o segundo pai do Cabeção. Foto: Daniel Alcarria. Data: 2020.
Daniel Alcarria:

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