O personagem da semana em nossas “Memórias do futebol mauaense” teve breve passagem pela várzea local (cerca de seis anos), o que entretanto não diminui sua expressiva contribuição para o futebol de Mauá, seja nos clubes ou na seleção. Paulistano nascido em 16 de maio de 1954, o fanático torcedor do Santos Gilmar Freire foi criado no distrito de Paranapiacaba, em meio à exuberante mata atlântica e dando seus primeiros passes com bola no mais que centenário campo da vila inglesa considerado o primeiro campo de futebol do Brasil.
Por ironia do destino futebolístico, seu nome fora dado pelo pai Antonio Freire, trabalhador na ferrovia, em homenagem de Gilmar dos Santos Neves, lendário goleiro da Seleção Brasileira, Corinthians e Santos FC, que a época atuava pelo Corinthians. Seo Antonio era corintiano doente, assim como Ariovaldo Freire, irmão mais velho de Gilmar e que foi conselheiro do alvinegro do Parque. O único santista da família, Gilmar Freire veria seu inspirador xará “Dos Santos Neves” brilhar com a camisa do peixe até 1967.
Zagueiro “made in Paranapiacaba and Cubatão”
Como jogador da várzea, Gilmar foi um boleiro que jogou por incontáveis equipes, de diversas cidades (Cubatão, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Caetano do Sul, Santo André e Mauá, onde foi titular do selecionado municipal). Seu primeiro time foi o XV de Novembro de Piaçaguera (Cubatão), onde ainda criança começou a jogar nas equipes inferiores, disputando campeonatos e torneios de diversas categorias. Em campo, disposição e juventude transformou Gilmar Freire num bom atacante, que com o tempo foi descobrindo sua vocação de grande zagueiro, posição que atuou em boa parte de sua trajetória nos campos de futebol.
Morador da Vila de Paranapiacaba, em meio a serra do mar entre Santo André e Cubatão (mais precisamente no chamado 4º Patamar, também conhecida por “grota”), Gilmar foi logo a seguir jogar pelo tradicional União Lyra Serrano, sem contudo perder vínculo com os times de Cubatão. Na cidade do litoral, além do XV, Gilmar também jogou no EC Guimarães e no Cubatão EC. Em 1971, João Mauá, tio de Gilmar indicou-o para jogar pelo time da Pirelli, de Santo André.
Seleção de Mauá, títulos em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
No futebol de Mauá, Gilmar Freire viveu o que podemos dizer “o auge” de sua atuação no amadorismo, quando foi convocado para ser o titular da Seleção Municipal em 1976. Foi nesse período que recebeu, inclusive, convite oficial do Paulista de Jundiaí para jogar, mas uma grave contusão no joelho o impediu de construir carreira no profissionalismo. Além da seleção mauaense, na cidade jogou por Santos, Avenida, Blumoon, GE Jardim Maringá e Vila João Jorge (atual Juá). Em seu currículo, o vice-campeonato de 1978 com o Blumoon.
Em Ribeirão Pires, Gilmar também construiu importante trajetória no futebol da cidade, sendo inclusive um dos destaques da época. Jogou em diversas equipes: AA VIRIPISA, AA Ribeirão Pires, Boa Sorte, Pirajá, Olaria, Santa Luzia, Transportadora Mattos, Renascença, Casa Vermelha e Vila Suissa. Foi tricampeão da 1º divisão por 3 times diferentes: Transportadora Mattos (1981), AA Boa Sorte (1982) e Casa Vermelha (1983). Também já havia sido bicampeão por VIRIPISA (1975) e AA Ribeirão Pires (1976). A derradeira conquista de Gilmar no futebol ribeirão-pirense foi o título de campeão de 1988 pelo Vila Suissa. Em Rio Grande não foi diferente e colecionou conquistas: Parque Indaiá (1978), Rio Grande FC (1979 e 1980) e Samambaia (1982 1985 e 1988). Gilmar Freire, campeão dentro e fora de campo, continua a conquistar títulos e amizades.