O futebol sempre esteve ligado ao povo! Esporte das massas, sua difusão e popularização foi obra dos trabalhadores de diversas categorias profissionais: ferroviários, metalúrgicos, eletricitários, padeiros, pedreiros, comerciantes e no caso específico de Mauá, dos trabalhadores das pedreiras, das industrias de cerâmica e porcelana, olarias, de gente que em pouco tempo transformou uma pacata e rural Pilar para uma grande e imponente Mauá.
As grande pedreiras localizadas na região foram decisivas para o desenvolvimento da cidade, cujos operários moviam com sua força de trabalho a riqueza local. Muitos de seus descendentes ainda estão em Mauá, próximos das velhas pedreiras e britadeiras que margeavam o Rio Tamanduateí e a antiga estrada das Pedreiras, hoje Avenida Barão de Mauá. E nessas áreas, nas horas vagas, jogavam futebol.
A era das pedreiras ficou no passado, mas seus descendentes fincaram profundas raízes na cidade, caso de Elson Jorge Cirillo, membro de antiga família de italianos escarpelinos e que ainda hoje reside na região donde se extraia a maior parte das pedras de Mauá em tempos idos.
Elson, um jogador raiz
O camisa 8 do São João FC, SE Vila Lisboa, GE Jardim Maringá, Juá, AE Flor do Morro e juvenil do Santo André, habilidoso meia direita do futebol mauaense Elson Jorge Cirillo nasceu em Mauá no dia 25 de outubro de 1958. Sempre morou em Mauá, e sempre perto das pedreiras antigas do bairro São João e do Jardim Mauá, onde atualmente reside. No futebol, apesar de alguns clubes na lista, foi no São João e no GE Jardim Maringá que Elson passou a maior parte de seus dias enquanto jogador de várzea.
Seu primeiro clube foi o São João FC. Do “vovô” de Mauá Elson foi jogar no Vila Lisboa; em 1975, junto de moradores do bairro, ajudou a fundar o GE Jardim Maringá. Antes disso, conquistou com a SE Vila Lisboa seu único título no amador de Mauá, o campeonato de juniores de 1975. No final dos anos 70, foi convidado para jogar na seleção de Mauá, mas declinou do convite.
Elson ficou conhecido na várzea mauaense por sua habilidade. Bom driblador, lançador, chutava com os dois pés; em regra, era o cobrador oficial de falta e de penalidades nos times pelos quais atuou, era quase perfeito nesses lances e diz perdido apenas dois pênaltis em toda sua passagem pelo futebol amador.
E que jogos, que “gols”
Elson não teve uma passagem longeva pela várzea mauaense, mas lembra com saudades de lances e gols que ainda hoje estão bem vivas na sua memória. Um foi em 1979, pelo São João no antigo campo do “vovô”. Após uma cobrança de tiro de meta, Elson dominou a bola no círculo do meio de campo, passou por dois defensores rivais com chapéu e quando, próximo do lado esquerdo do campo com o correr da bola, pegou a pelota, sem deixar cair no chão e chutou de longe. Golaço!
O outro belo gol foi de penalidade máxima. Num jogo do São João FC contra o Centenário, após chapéu, drible da vaca e “cavadinha” para marcar o golaço, eis que outro zagueiro coloca a mão na bola e impede a obra de arte: pênalti, gol de Elson.
Atualmente comerciante no Jardim Maringá, Elson Cirillo é casado e pai de quatro filhas e dois netos. Nosso ambidestro camisa 8 foi mais um dos grandes jogadores de Mauá, cujo legado e lembrança o fazem honrado e orgulhoso de seus feitos dentro das quatro linhas.