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Memórias do futebol mauaense: José Severino da Silva, o ‘Da Silva’

O personagem da semana de nossas memórias pode ser considerado como um dos maiores craques já produzidos pelo futebol de Mauá. Apesar de paulistano, onde nascera na comunidade da Vila Prudente em 05 de outubro de 1955, José Severino da Silva, popularmente conhecido como ‘Da Silva’ mudou-se com sua família para Mauá no ano de 1966, mais precisamente para o Parque das Américas.

Atacante por natureza e vocação, Da Silva foi jogador de extrema qualidade e também de muita personalidade. Antes de chegar em Mauá, ainda garoto jogou pelo time do Vera Cruz da Vila Prudente, mas foi pelo extinto Parque das Américas FC, nos jogos da várzea mauaense que Da Silva foi descoberto como grande jogador. Na equipe, conquistou dois títulos (1972 e 1973) como jogador juvenil, treinado por João Barbudo, uma pessoa muito importante para o futebol de Mauá.

Mas sua habilidade logo seria descoberta. Com 14 anos de idade foi para o Santo André, sendo em seguida convocado para a seleção municipal; aos 15 anos foi para o Santos, onde ficou até 1977. No “Peixe”, Da Silva participou como titular do alvinegro na histórica partida que marcou o encerramento da carreira do Rei Pelé, em 02 de outubro de 1974, na Vila Belmiro, contra a Ponte Preta.

Ídolo no Santo André e em Portugal

O craque José Severino da Silva saiu do Santos em 1977 e perambulou por vários clubes brasileiros antes de se transferir para o futebol de Portugal. Atlético de Alagoinhas (BA), Paysandu (PA), Colorado (PR) e novamente EC Santo André. No ‘Ramalhão’, Da Silva viveu grande momento na carreira e se destacou como ídolo até hoje vivo na memória dos torcedores andreenses.

Um dos principais nomes do EC Santo André na conquista do título da Segunda Divisão de 1981, Da Silva foi decisivo para o primeiro acesso da história do clube. Titular absoluto da equipe campeã, afirma ter sido muito feliz no clube e na própria cidade. Na última e decisiva partida contra o XV de Piracicaba, vencida pelo clube do ABC por 3×1, a presença de Da Silva no jogo teria sido um pedido de seus colegas de time ao técnico Sebastião Lapola, já que o atleta estava contundido. “Joguei aquela partida machucado”, relembra.

O gol que até o juiz aplaudiu

Antes de ir para Portugal, onde atuou pelo Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães, Penafiel e Espinho, Da Silva fez fama e ganhou notoriedade no EC Santo André. A despeito de sua pequena estatura para um atacante, foi artilheiro no Ramalhão, onde marcou 40 gols. Formava com Arnaldo, Fernandinho e Bona o chamado grupo dos ‘baixinhos frenéticos’, que enlouquecia os adversários por sua habilidade e rapidez no toque de bola.

Dentre os muitos gols marcados por Da Silva, um é inesquecível tanto para o atacante como para os torcedores. Num clássico contra o Aliança (atual EC São Bernardo) disputado em abril de 1980, válido pela Segunda Divisão daquela temporada, já em seus minutos finais com 3×0 para o Santo André, o artilheiro recebeu a bola lançada e invadiu a área na diagonal, deixando o lateral adversário para trás; entre ele e o gol, apenas mais dois adversários. A torcida ficou em pé, pressentindo o gol.

O zagueiro avançou como um tanque sobre Da Silva, que, esperto, deu um drible desconcertante para a esquerda, deixando o adversário sentado no chão. Quando todos, inclusive o goleiro, esperavam que ele driblasse para a direita, em direção à linha de fundo para então tocar para o gol, ele praticamente parou a bola, tocou-a de novo para a esquerda, deixando o goleiro caído e sem ação; dominou novamente a bola já dentro da pequena área, deu alguns passos para a frente e tranquilamente tocou a bola para o gol vazio. A torcida explodiu extasiada. Até o árbitro cumprimentou Da Silva pela obra prima.

Morador de Mauá há exatos 54 anos, Da Silva é casado com Ana Maria Araújo da Silva e pai de Fernando, Tiago e Daniel, que lhe presentearam com os dois netos (Pedrinho e o Vitor). Orgulho da família por sua conduta e futebol, José Severino da Silva também é motivo de orgulho para a cidade que o acolheu e que um dia teve o privilégio de vê-lo atuar, ainda jovem, primeiro pelo Parque das Américas e depois, com a camisa 9 do Santos FC, ao lado do camisa 11 Edu e do maior dez de todos os tempos, sua senhoria o Rei Pelé.

O histórico jogo que marcou a despedida de Pelé do Santos; em mais uma oportunidade, assim como em 1956 (no primeiro jogo) e em 1969 (na partida do milésimo gol), a cidade de Mauá se fez representar como testemunha participe desses importantes momentos da carreira de Pelé. Em pé Cejas, Wilson Campos, Léo Oliveira, Bianque, Zé Carlos, Vicente, Williams e Luís Carlos Beleza. Agachados: Gílson, Cláudio Adão, Brecha, Adilson, Da Silva, Mifflin, Pelé e Edu. Foto: Imagem extraída do site Terceiro Tempo. Data: 1974.
Daniel Alcarria:

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