“Hoje celebramos a vitória não de um candidato, mas de uma causa: a democracia”, diz o democrata, que se tornou o 46º presidente do país. O Líder também pediu união. “Sem unidade não há paz, apenas amargura e fúria.”
Após turbulentas eleições, sob contestações de Donald Trump, o democrata Joe Biden assumiu na última quarta-feira (20/01) a presidência dos Estados Unidos, numa cerimônia realizada em frente ao Capitólio, em Washington, sem a presença do ex-presidente.
O tom de Biden contrastou com o populista e sombrio discurso de posse de Trump em 2017. Na ocasião, o republicano denunciou as elites políticas do país e o que chamou de “carnificina americana”, além de reclamar de aliados dos EUA. Um aspecto que não se pode perder de vista é que não foram apenas os republicanos que se radicalizaram à direita com a ascensão de Trump; os democratas fizeram o mesmo movimento à esquerda.
O democrata de 78 anos assume o governo num momento crítico para os EUA. O país passa por uma combinação sem precedentes de crise sanitária e econômica por causa da pandemia. Os EUA são o país que registrou mais mortes no mundo associadas à covid-19. O número de vítimas ultrapassou a marca de 400 mil na terça-feira.
Além disso, o país ainda lida com os efeitos da invasão do Capitólio por uma turba de apoiadores de Trump, que incluiu neonazistas e supremacistas brancos. Cinco pessoas morreram durante o ataque. O caso rendeu a abertura de um processo de impeachment contra Trump, e a ação deve ter continuidade mesmo com a saída do republicano do poder.
Poucas horas depois de entrar na Casa Branca, Biden planeja assinar uma série de ordens executivas destinadas a fazer um claro rompimento com o governo de seu antecessor, de acordo com um memorando publicado pela imprensa americana, apenas parte de um plano ambicioso para seus primeiros 10 dias no cargo, de acordo com o memorando.
O presidente eleito emitirá decretos para reverter os vetos à imigração e retornar ao Acordo de Paris sobre mudança climática. Biden também deve ter como objetivo a reunificação de famílias separadas na fronteira dos EUA com o México e ordenará medidas sobre o uso de máscaras contra covid-19.
Na relação com outros países, o democrata já falou em acabar com as “guerras intermináveis” no Afeganistão e no Oriente Médio, além da retomada do acordo nuclear com o Irã se “o Teerã voltar a cumprir o pacto”.
E o Brasil?
Para os brasileiros, uma grande questão é como fica a relação dos EUA com o nosso país agora que Biden é presidente, já que ele tem uma visão política bastante diferente do presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo assim, especialistas acreditam que não deve haver um impacto tão grande e nem dificuldades para o Brasil conversar e negociar com os americanos. Essa visão se dá principalmente pelo fato de Biden ser considerado um conciliador, o que diminui as chances de ações mais duras contra o país, mesmo com críticas públicas em relação às questões ambientais.
Ubiratan Figueiredo – Jornalista, Gestor Público e Pós Graduando em Gestão Pública e vereador