Conhecida pela numerosa quantidade de clubes, filiados ou não à Liga Mauaense de Futebol e consequentemente, pelo grande número de pessoas envolvidas nas diversas partidas de incontáveis competições entre os campeonatos da liga (considerados oficiais), copas de clubes, de empresas, entre amigos, disputas regionais, seleção da cidade, além dos dois representantes da cidade no profissionalismo (Grêmio Mauaense e Mauá FC), o futebol da cidade de Mauá pulsa em seu “gigantismo” exagerado envolvendo milhares de cidadãos em cada rodada aos finais de semana.
Esporte das massas populares, o futebol sempre foi o passatempo e lazer das classes trabalhadoras que, em domingos e feriados seguidos o praticam como recreação após semana inteira de exaustivo labor. São muitos os personagens da bola mauaense cujas resenhas sempre obedecem praticamente o mesmo enredo: o do jogo festivo entre pessoas do povo em merecido descanso semanal. Caso de Israel da Silva Filho, o Pelezão do Serrano, metalúrgico aposentado da Mercedes-Benz (empresa pela qual trabalhou durante quase 40 anos), que assim como milhares de operários da região do ABC também encontrou no futebol sua diversão predileta aos finais de semana.
Oriundo da Vila Prudente (zona leste de São Paulo), Israel “Pelezão” nasceu em 07 de abril de 1948 e passou parte de sua infância naquele bairro da capital. Em 1960 veio junto com os pais e sua única irmã para o bairro do IV Centenário, bairro onde ainda hoje reside com esposa e filhos. E na região jogou (e ainda joga), fundou times e principalmente, construiu amizades e referências junto às pessoas do campo de futebol e de fora dele.
Jogador, fundador de clubes e várias vezes campeão
O operário da linha de montagem Israel da Silva foi também um “fundador de clubes”. Participou do surgimento do tradicional CA Itapeva em novembro de 1965 e dois anos depois, junto de outros entusiastas do futebol, ajudara na construção do EC IV Centenário. No tradicional grená mauaense (e atual campeão municipal), participou do primeiro time, cujo presidente escolhido foi Américo da Gruta, que tomava conta daquele espaço dedicado à Santa Luzia, protetora dos olhos dos antigos operários que trabalhavam nas antigas pedreiras do município.
Como jogador passou por CA Itapeva, EC IV Centenário, São João FC, pelo time da montagem da Mercedes Benz, o time de amigos chamado Grêmio Recreativo Fantasma e pelo EC Serrano, esse último também do bairro e fundado pelo Pelezão. Títulos: Campeão do municipal 50tão (2011) e tricampeão Supermaster 60tão (2017, 2018 e 2019) pelo EC Serrano e vice campeão da 2o divisão com o EC IV Centenário, em 1979. Esse jogo de 1979 ocorreu nas dependências do extinto campo do EC Cerâmica e teve como atração o árbitro Dulcídio Wanderlei Boschilia, que conforme relato de Pelezão “participou de uma grande festa, com excelente arbitragem, apitando com seriedade e categoria, como se estivesse entre os profissionais”.
Casado com a Sra. Lucidia Braga da Silva, Pelezão tem três filhos (Isac, Israel Junior e Ismael). Além da meia-esquerda, é avô do Gustavo, Leticia, Kaio e Allan. A bisneta Isadora é a mais nova “contratação” da família do seo Israel da Silva Filho, o corintiano que ainda hoje pode ser visto desfilando sua categoria com a camisa 10 do Serrano nas competições 60tão da cidade de Mauá. Com quase 73 anos completados, Pelezão é uma prova muito viva (graças a Deus!) de que o futebol amador, a várzea nossa de cada dia e de cada domingo, sempre será o palco dos inúmeros craques-operários a desfilar talentos e categorias para o deleite de nossos também milhares de torcedores-povo que permeiam aos montes à beira de cada campo, em cada comunidade onde estão inseridos.
O time do EC IV Centenário quando da inauguração de sua praça de esportes em amistoso contra o São Cristóvão, de São Caetano do Sul. Foto: Acervo pessoal de Israel da Silva Filho. Data:1974.