Grande parte dos brasileiros insistem nessa guerra de um lado contra o outro. Diante de evidências claras, teimam eu achar que criticar o outro lado pode salvar a honra manchada daqueles que defendem, algo como, o meu é ruim, mas o seu é péssimo. E por trás dessa enorme cortina de fumaça, um jogo político sistemático corroem nossas instituições.
Os atores desse jogo se utilizam de belos discursos, alguns respaldados pela tal da “ciência” outros pelo mero palpite ou “achismos”, outros ainda que até ontem eram condenados por chefiar a maior quadrilha de larápios do dinheiro público vão a público se apresentar como mocinho injustiçado e revolucionário. Todo esse roteiro servirá de munição para as campanhas políticas de uma eleição que se aproxima. Nos contarão histórias distorcidas, bem distante da verdade que estamos assistimos. Fato que nunca tivemos absoluta confiança nesse nosso sistema político, mas diante de tais fatos parece que a verdade passará longe dos nossos olhos por muitos e muitos anos. Mas de fato, qual é a grande verdade de tudo isso? Segundo Thomás Sowel, economista norte-americano “Ninguém entende de verdade a política até compreender que os políticos não estão tentando resolver os nossos problemas. Eles estão tentando resolver seus próprios problemas – dentre os quais ser eleito e reeleito são número 1 e número 2. O que quer que seja o número 3 está bem atrás.”
A atual situação expõe um dos piores cenários de nossa história: muitos brasileiros estão morrendo, muitos brasileiros já morriam de forma desproporcional antes mesmo da pandemia, e afinal quem vai assumir essa responsabilidade? Claro que ninguém, como de costume jogarão esta conta no colo do outro. E olha que essa conta não é barata, pois nela está um país onde metade da população não tem acesso a água potável, um país que mesmo sem pandemia pessoas morrem em filas de hospitais sem atendimento, onde os índices de criminalidade se comparam a de países que estão em guerra, onde os índices de evasão escolar se equiparam aos dos países mais pobres do mundo, que tem 40% da população na informalidade e que ainda assiste impassível alguns de seus ministros dos tribunais superiores beijar as mãos de políticos corruptos em detrimento daqueles que se arriscaram na luta contra a impunidade.
O problema do nosso país não é de hoje e não é apenas por causa do COVID-19, longe disso. O nosso problema é histórico, falta ética, falta caráter, falta responsabilidade. Sendo bem mais direto: falta vergonha na cara de grande parte dos nossos governantes, juízes, homens e mulheres que atuam nesse cenário político, que nem diante de uma montanhas de corpos acumulados será capaz de mudar sua essência. Termino este texto utilizando mais uma vez uma reflexão emprestada, agora do economista e professor brasileiro Roberto Campos, “uma tragédia como a brasileira não é obra do acaso, mas sim um esforço determinado de décadas.”
Alan de Camargo
Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).