Desde que comecei a escrever esta coluna tenho me dedicado a escrever textos menos ásperos, buscando trazer reflexões propositivas. Mas esta semana decidi me posicionar de forma mais enfática ao centro de uma polarização descabida.
Enquanto a CPI da Covid nos traz demonstrações de pura falta de produtividade com discussões intermináveis que em nada reflete a realidade dos fatos, assistimos impassíveis as mortes de mais de 470 mil brasileiros.
Nesta semana ficou ainda mais evidente esta falta de eficiência com o claro desconforto da médica Luana Araújo demonstrado na frase “Estamos discutindo de que lado da borda da Terra plana vamos pular”. Ela traduz a maluquice política que estamos vivendo. Enquanto discutimos em uma comissão parlamentar sobre tratamento precoce, países desenvolvidos estão tirando suas máscaras e voltando à normalidade.
Esse anacronismo doentio é que não nos deixa evoluir para um país mais justo, democrático e desenvolvido. Outro exemplo desse maniqueísmo problemático foi o episódio com a atriz Juliana Paes que foi às mídias sociais pedir, por favor, para não ser colocada entre as “ideias da extrema direita e delírios comunistas da extrema esquerda”.
Quando será que vamos amadurecer e discutir um país sério de verdade, com políticas públicas que verdadeiramente transformem esse país em algo mais próximo do admirável? Quando vamos discutir sobre melhorar a vida das pessoas e não apenas sobre política eleitoral?
Como de costume, peguei emprestado um pensamento para encerrar essa coluna de hoje, desta vez de um cabra bom de verso que venceu o Covid há poucos dias. Bráulio Bessa cita em um de seus cordéis que leva como título “Lá nas Redes Sociais”, algo que me fez refletir. Diz assim: “Lá nas redes sociais, todo mundo é honesto e contra a corrupção, participa de protesto porém, sem fazer login, não é tão bonito assim. O real é indigesto. Fura fila, não respeita quando o sinal tá fechado, tenta corromper um guarda, quando está sendo multado, depois, quando chega em casa, digitando mete brasa, criticando um deputado!
Lá nas redes sociais, a tendência é ser juiz e condenar muitas vezes, sem saber nem o que diz, mas não é nenhum segredo, que quando se aponta um dedo, volta três pro seu nariz!”