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Voto impresso, “distritão”, coligações…

Estas últimas semanas assistimos a uma série interminável de discussões sobre assuntos que para nós, meros mortais, não parece fazer muito sentido, mas em tese tem uma influência gigantesca no tabuleiro político e por consequência em nossas vidas. E não é surpresa para todos nós que essas discussões vão muito além de mudanças práticas para as próximas eleições, essas discussões de certa maneira já antecipam um ano que tem tudo para ser bem quente politicamente.

Talvez o tema mais acalorado seja o do voto impresso, que foi derrotado na Câmara Federal e de certa forma mais parece fazer parte de uma manobra política para justificar uma possível derrota do Bolsonaro em 2022, oferecendo assim, subsídios para uma crise institucional que poderá chegar até o limite da democracia. Apesar do compromisso de aceitação do resultado declarado pelo presidente da câmara, não há dúvida que esta pauta continuará sendo revisitada pelo presidente e seus defensores.

Outros debates seguem ao entorno de uma mini-reforma eleitoral que de fato não deverá prosperar. No embate entre o atual modelo e o “Distritão” não fico com nenhum dos lados, o atual modelo proporcional é tão ruim, que os próprios parlamentares contrários não encontram argumentos para esvaziá-lo. Falta de representatividade, aumento dos custos das campanhas, facilitação da entrada de celebridades e dos que detêm mandatos, são argumentos que também fazem parte das características do atual modelo proporcional e assim o debate fica entre o ruim e o péssimo.

O que me parece não fazer sentido é que este debate ocorra de forma açodada, num ambiente conturbado, em meio a uma pandemia e com pouquíssima participação da sociedade. Uma reforma eleitoral robusta com regras bem definidas, necessariamente precisa da participação da sociedade, que tem papel fundamental para colaborar e tornar o processo mais participativo que de fato fortaleça a democracia e não os interesses dos políticos.

No mundo existem bons modelos a serem copiados que podem ser ajustados à nossa realidade, mas o que fará uma “reforma política” de fato será uma maior compreensão da sociedade sobre a importância do voto no legislativo, vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Em tese são eles os responsáveis pelo fortalecimento das instituições e que de fato tem autonomia para trabalhar em prol de grandes reformas.

Temos o hábito de acreditar em “Salvadores da Pátria” e personalizar as mudanças, o que tem sido um erro sucessório. Esse comportamento tem a função de delegar para outros uma função que cabe a todos nós.

Democracia se constrói com a participação de todos e não sentados no sofá de casa ou “tuitando” nas mídias sociais.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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