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“Que país é este?”

Mesmo após 34 anos de seu lançamento, a música de Renato Russo parece fazer todo sentido para os dias atuais, “Sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição”, são prenúncios para a pergunta que ainda não foi respondida: “Que país é esse?”.

Em meio a uma das piores crises causadas pela pandemia do COVID gastamos esforços em discussões que só atrapalham aqueles que querem um país real. Debates de pautas importantes para o país quase não acontecem e quando acontecem são improdutivos. Temas como a reforma administrativa, reforma tributária e reforma política ficaram em segundo plano. Mesmo ações efetivas para a retomada da atividade econômica no pós-pandemia e o auxílio aos milhões de brasileiros que passam fome hoje não parecem fazer parte das prioridades do governo federal.

E para corroborar com todo esse cenário de caos, vivemos uma semana que começou com ataques à democracia e as instituições e finalizamos com uma nota a nação com o presidente da república recuando depois da repercussão negativa do país pós 7 de setembro. Os arroubos de intolerância e de desrespeito à constituição deram lugar a umas das maiores “arregadas políticas” da história.

As cenas registradas de parte da população fazendo continência para mensaleiros presos, selfies com miliciano responsável pelas rachadinhas e pedidos de fechamento do STF fazem ainda menos sentido depois da nota oficial emitida pela presidência da república com aval do ex-presidente Michel Temer, que chega à Brasília em voo exclusivo para tentar salvar o governo Bolsonaro.

Idolatrar políticos nunca foi tarefa das mais simples, as possibilidades de constrangimentos são inúmeras. Diferente de um craque de futebol com jeito irreverente o presidente é um servidor público, portanto deve servir ao seu povo e não somente a parte da população que aprecia seu discurso fanfarrão.

Muitos, assim como eu, acreditam que o processo de impeachment é traumático, promove instabilidade que atrapalha o desenvolvimento e causa uma paralisia terrível para o país. Mas diante do atual cenário, o processo de impeachment volta a pauta.

E o recado importante que fica: a democracia é um bem inegociável.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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