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Qual foi o saldo das manifestações do dia 12?

A adesão ao dia 12 nos deixa algumas considerações a fazer, nos mostra a possibilidade de desbravar uma alternativa aos dois polos e o desafio que será trilhar este caminho até então inexplorado. Há dois pontos a serem levados em conta.

O primeiro, cumpre-se dizer, é o desbravamento de um caminho à terceira via. Há demanda, há anseio para isso, vide movimentos de direita que aderiram a manifestação não satisfeitos com Bolsonaro, tal como os movimentos de esquerda que não querem o Lula. Esse novo público, porém, não se caracteriza como ferrenho engajado como os outros dois, daí o imenso desafio que será gerar a cultura de mobilização, mobilização esta vista contra o governo Dilma em 2016, que tinha dois fatores importantes: o desgaste natural de ter sido um governo de continuidade petista com histórico de corrupção e a ameaça de perpetuação no poder aos moldes de Cuba e Venezuela. Os ataques às instituições feitos por Bolsonaro no dia 07 de setembro, a irresponsabilidade na condução da pandemia e as altas nos preços não foram suficientes para tirar do sofá um maior número de pessoas, que estão sim insatisfeitas (mas, igualmente cansadas). Vista essa questão, há de se criar uma cultura de engajamento que é o que moverá as pessoas para as ruas.

O segundo ponto é lembrar da origem da mobilização que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma, não foi grande, não foi expressiva e nem tão lembrada na história das manifestações, mas que certamente foi o primeiro passo necessário para o resultado que se teve adiante. A primeira manifestação pelo impedimento da ex-presidente se deu dias depois de sua reeleição em 2014, reunindo na avenida Paulista em torno de 2.500 pessoas de verde e amarelo e foi desta tímida mobilização, deste ponto de partida que tivemos aquela que foi denominada como a maior manifestação do Brasil e resultou no impeachment de Dilma, em 13 de março de 2016.

Aos que rotulam como “esquerda” aquelas pessoas de direita que compareceram na manifestação pelo Fora Bolsonaro no dia 12, vale uma curiosidade: o Partido dos Trabalhadores (PT) não apoiou essa mobilização e desestimulou seus adeptos a participarem, nas palavras de Breno Altman, jornalista e influenciador da esquerda: “Mas por que iríamos querer tirar o Bolsonaro do segundo turno? Para perdermos as eleições? ”. A esquerda está ciente que será derrotada se não antagonizar com Bolsonaro. O caminho para uma alternativa é possível, o desafio será grande e longo, é o que mostrou o dia 12.

PedroUmbelino
Ativista político, membro do Movimento Brasil Livre (MBL) de São Caetano do Sul, graduando em Direito pela Universidade de São Caetano do Sul (USCS).

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