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“É fome, por favor, é fome”

Está semana nos deparamos com mais uma cena terrível de uma crise que tomou conta do nosso país. Em meio aos prédios de Brasília um homem grita pedindo por pão e leite.

De acordo com pesquisa, quase 20 milhões de brasileiros dizem passar 24 horas ou mais sem ter o que comer. Ainda segundo pesquisa, mais da metade da população brasileira sofre de algum tipo de insegurança alimentar. Tem gente que tenta driblar a fome dormindo.

Assistimos pessoas fazendo filas quilométricas em açougue de Cuiabá para receber ossos, no Rio de Janeiro pessoas garimpando restos de comida em caminhão de ossos e pelancas descartados por supermercado e as cenas se repetem por todo Brasil.

Não dá para ficar calado diante de tamanha realidade, não é possível que essas cenas não sejam capazes de nos incomodar. Parece que essa situação não nos pertence, parece que não somos nós os responsáveis. Porém essa realidade é nossa, pertence a cada um de nós.

Talvez se direcionássemos nossas atenções para esses problemas ao invés de discutir o “beijo gay” do filho do Super-Homem, ou a tonalidade da cor do intérprete do filme Mariguella, ou a imitação de um comediante sobre o presidente, pudéssemos ter um olhar mais crítico para o que realmente importa, dessa forma não seríamos conduzidos como massa de manobra de retóricas política de relevância questionável, ou ainda não estaríamos alheios ao que acontece no Brasil pelas mãos de nossos políticos que se vestem de paletós importados pagos principalmente por esses que não tem o que comer. É estarrecedor ver que enquanto muitos brasileiros nem sequer tem arroz em suas mesas, os gastos com cartão corporativo do governo federal ultrapassem os 200 milhões de reais só neste ano, o que representa um aumento de 19,9% do que foi gasto durante o ano inteiro de 2020.

É por essas e outras que reafirmo meu pensamento, que se não levantarmos nossas bundas dos nossos sofás, quem se levantará? Porque amanhã poderemos ser nós a gritar de fome nas ruas, e talvez aí seja tarde demais para gritarmos por um país mais justo, coerente e que permita que todos consigam ter condições de alcançar seus sonhos, e que sejam estes sonhos maiores do que apenas um prato de comida.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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