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Superar o Personalismo

Nunca é demais lembrar que o bolsonarismo não é um “acidente” na história brasileira. Bolsonaro é o representante de um projeto da elite brasileira, rotulá-lo como louco ou como único responsável pela situação desastrosa que vivemos é uma simplificação grosseira que tenta ocultar o real caráter de classe da crise que atravessamos.

O presidente foi utilizado como instrumento para operar o desmonte do estado, dos direitos trabalhistas e das condições de vida do povo, realizando um processo de desvalorização da força de trabalho (superexploração), para auxiliar na recuperação da taxa de lucro da grande burguesia nacional.
Por isto, quando declaramos lutar contra o bolsonarismo, temos que ter em mente que isso representa a luta não contra uma figura, mas contra um projeto de classe (projeto liberal) que foi estabelecido com o seu governo.

A escolha por Bolsonaro e de um ataque mais direto aos trabalhadores, não acontece apenas por que a burguesia brasileira um dia acordou de mau-humor, mas por que as condições na política internacional se alteraram, a crise global se aprofundou e porque em âmbito nacional não é mais possível o projeto de conciliação de classes. Há um novo cenário, que alterou as perspectivas das classes sociais.

No mesmo sentido, aqueles que afirmavam que Dilma caiu por sua “falta de vontade de dialogar” ou “inabilidade” (avaliação presente na boca de diversas pessoas e lideranças), não entenderam a disposição dos interesses por trás dos movimentos políticos.

A política de conciliação pode se manter enquanto os preços internacionais de produtos brasileiros estavam em alta e o mundo vivia um momento de prosperidade econômica, o que permitia que as taxas de lucro se mantivessem em alta e o governo realizasse uma política distributiva. O fim do quadro que permitia esta configuração, representou o fim do aparato político que o sustentava.

É a partir desta perspectiva que devemos compreender os movimentos na política brasileira para superar as explicações simplificadoras, que ao invés de esclarecer, escondem o real.

Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA
Graduando em Biblioteconomia pela USP

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