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Um país com memória curta

Faltam 246 dias para as próximas eleições que deverão ser uma das mais importantes de nossa história. A crise que tomou conta de nosso país vai muito além de questões econômicas, educacionais, ou de ordem sanitária, a pior crise que nos toma atualmente é a crise moral.

Mas diante do atual cenário, qual será o caminho mais adequado nas próximas eleições? Sem sombra de dúvidas a melhor opção não está contemplada nos nomes que apresentam maior probabilidade nas pesquisas de intenções de votos. Diferente do que pensam alguns analistas políticos, não vejo uma polarização, mesmo tendo em vista que 68% das intenções de votos estão entre Lula e Bolsonaro, a vantagem do petista sobre o candidato do “centrão” é abissal.

Está quase que certo que apesar da máquina e de toda a sua articulação junto ao “centrão” Bolsonaro não será reeleito. O atual presidente sucumbiu como o pior desde a redemocratização, sendo assim fica cada vez mais evidente que Bolsonaro encerra sua carreira política ao final deste ano. Nos sobrará então o pesadelo de outros tempos, um filme de terror que virá embalado de uma sede de poder capaz de fazer a crise moral chegar ao seu ápice.

Segundo estudos da Universidade de Toronto, é importante que o cérebro esqueça detalhes irrelevantes e, em vez disso, concentre-se nas coisas que ajudarão a tomar decisões no mundo real. Ainda de acordo com o mesmo estudo, se você está tentando tomar uma decisão, será impossível fazê-lo se seu cérebro estiver sendo constantemente bombardeado com informações inúteis.

A política faz parte de um imaginário distante e supérfluo na vida de muitos brasileiros, tudo que foi construído no universo da política está muito distante do mundo real que muitos de nós vivemos. Fazendo um paralelo ao estudo da Universidade de Toronto, o passado político diante de tal afastamento dos brasileiros se torna irrelevante, o que é muito preocupante. Com essa percepção fica mais fácil compreender o porque mais de 40% dos brasileiros estão dispostos a votar no ex-presidente Lula. É mais compreensível entender que parte dos brasileiros esqueceu o que o ex-presidente fez, do que acreditar que estão dispostos a votar com o conhecimento de que ele foi chefe de um dos maiores esquemas de corrupção do mundo, que iniciou a destruição das nossas instituições (que o Bolsonaro está ajudando a terminar), que montou um esquema de “aparelhamento” do estado com objetivo de se perpetuar no poder e que tem um claro desapego à democracia afagando ditadores assassinos de outras nações. Um político que declaradamente mentia de forma compulsiva inflamando discursos para grandes plateias no Brasil e no mundo e que mesmo diante de tantas incoerências, mesmo quando ameaça a liberdade de expressão é defendido por parte da grande imprensa.

Em resumo, é mais fácil aceitar que parte da população sofre de memória curta do que aceitar que tenham abdicado de princípios e valores, que entendam que o certo mesmo é levar vantagem em cima dos outros, que vale tudo pelo poder. Esta semana em relatório da Transparência Internacional que avalia a percepção de corrupção nos países, regredimos duas posições ficando em 96° lugar, vergonhosamente atrás de países como Kosovo, Etiópia, Senegal, Kuwait entre outros. Precisamos entender que a relação entre ética, princípios e valores está intimamente ligada a prosperidade e melhoria na qualidade de vida das pessoas.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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