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Cresce percepção sobre a sobrecarga feminina no trabalho doméstico

O Instituto Ethos através da Rede Nossa São Paulo lançou a quinta edição da pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher”, realizada em parceria com o IPEC — Inteligência em Pesquisa e Consultoria, empresa originada do IBOPE Inteligência. O evento aconteceu no Sesc 24 de Maio, com a presença da vereadora pelo PSOL de São Paulo, Erika Hilton, Jéssica Paraguassu, CEO do Mulheres no Comando e Simone Luciano, Consultora Sênior na Mais Diversidade. A mediação ficou a cargo de Jéssica Moreira, uma das fundadoras do grupo Nós, Mulheres da Periferia.

Parte das ações do Mês da Mulher, o levantamento traz dados sobre a percepção da população paulistana acerca de questões como violência de gênero, divisão de tarefas domésticas, entre outras. Os dados destacam a desigualdade de gênero dentro de casa, mas também no acesso à cidade e seus serviços.

Vale destacar que a distribuição dos serviços de proteção a mulheres vítimas de violência em São Paulo estão aquém de uma cobertura territorial plena, com destaque para os distritos da Zona Sul da cidade, aquela com maior defasagem neste tipo de atendimento. Da mesma forma, apesar dos avanços quanto a equidade de gênero e o avanço da participação feminina no mercado de trabalho, ainda persiste a desigualdade na remuneração média. Essa variação chega a ser 21,7% maior entre os homens. Estes dados são um pano de fundo importante para compreender os resultados do levantamento opinativo na cidade.

Confira alguns destaques da Pesquisa Viver em São Paulo: Mulher, em sua edição 2022:

Tarefas domésticas

Com o avanço da retomada do trabalho presencial, nota-se um recuo na percepção de que afazeres domésticos são divididos igualmente, em comparação a 2021. Passou de 47% para 37% o número de pessoas que acreditam que a divisão acontece de forma equilibrada dentro de casa.

Ainda, avança o entendimento de que são as mulheres que fazem a maior parte, especialmente entre as próprias mulheres, com um crescimento de 10 pontos percentuais em relação ao último levantamento. De 31%, sobe para 41% das entrevistadas a opinião de que as tarefas domésticas são responsabilidade de homens e mulheres igualmente, mas que são elas a executar a grande parte.

Assédio na cidade

O transporte público segue como o espaço público onde as mulheres se sentem mais vulneráveis e correndo maior risco de assédio (52%), percentual que chega a 61% entre paulistanas de 45 a 59 anos e aquelas com ensino médio completo. É o quarto ano consecutivo onde o transporte aparece como maior fator de risco para as usuárias do sexo feminino, e na Região Sul o percentual chega a 59%.

Ganha destaque também o risco de andar pelas ruas da cidade, citada por praticamente 1/3 daquelas que têm até 34 anos e das que são da classe D/E.

Violência

É evidente a percepção sobre o avanço no número de casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres em São Paulo, fato afirmado por 85% dos entrevistados. Na Região Norte o índice chega aos 89%.

Reforçando o dado público de que a cada uma hora, 9 mulheres sofrem algum tipo de violência, 34% dos paulistanos afirmam conhecer uma amiga ou conhecida que já sofreu violência doméstica. A maioria dos entrevistados afirma ter presenciado situações nas proximidades de onde moram — sobressaindo-se a Região Sul. Também entre os paulistanos na faixa etária entre 25 e 34 anos, evangélicos e aqueles que têm Ensino Médio a percepção é mais aguçada.

O aumento das penas para quem comete este tipo de crime segue como prioridade máxima no combate à violência contra as mulheres, opção apontada por 53% dos entrevistados. Em 2022, é maior a proporção de mulheres que sugerem capacitação adequada para que os funcionários dos canais de denúncia possam melhor acolher aquelas que procuram por ajuda.

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