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As incoerências que uma eleição pode escancarar

Coerência nunca foi colheita farta na política, já assistimos diversos episódios que reforçam esse pensamento. Este ano, especialmente, está começando de um jeito que faz a célebre cena do Lula apertando a mão do Maluf ser revivido como algo corriqueiro.

Quem se surpreendeu com o apoio de Paulo Maluf à candidatura de Fernando Haddad nas eleições municipais de 2012, com articulação do ex-presidente Lula, nunca imaginaria assistir as incoerências que estamos assistindo esse ano. Ver Geraldo Alckmin, um dos mais ferrenhos -adversários do PT e do ex-presidente Lula caminhando para ser seu vice na chapa a Presidência da República e assistir o presidente Bolsonaro que, quando foi conveniente, foi um dos críticos mais impiedosos do Centrão, hoje dando as mãos e gritando aos quatro ventos que sempre foi Centrão, faz qualquer um ficar com o estômago embrulhado.

Longe de mim achar que a política é campo vasto de princípios e valores, onde a ética é característica prevalente. Mas o pessoal está abusando demais da boa vontade dos seus eleitores e até mesmo aqueles passadores de panos profissionais estão se constrangendo em defender tamanha incoerência.

É fato que o jogo político, estabelece estratégias para que se possa ocupar espaços e com isso conquistar casas no tabuleiro. O problema é que estão ignorando que existem quase 150 milhões de eleitores brasileiros que passam a não entender mais nada nessa disputa. Nesse jogo político o que prevalece é a conquista de poder, e podemos citar outras inúmeras incoerências com grandes chances de se concretizar em algo relevante. Basta ver a pré-candidatura do Tarcísio Gomes de Freitas ao Governo do Estado de São Paulo. Tarcísio estava entre concorrer ao Senado por Goiás, ou Governador por São Paulo e acabou optando pela segunda. Porém, Tarcísio nasceu no Rio de Janeiro e nunca sequer morou em São Paulo. Ele já parte com algum processo de transgressão pois terá que providenciar algum comprovante de residência em São Paulo, nada muito difícil para quem estará servindo aos interesses do atual presidente da república.

Quer mais incoerência?? Que tal o governador do Rio Grande do Sul, que participou das prévias do PSDB, perdeu e agora está negociando para concorrer a Presidência da República pelo PSD, partido que já foi da base de sustentação do governo do PT. E no Pernambuco, a deputada Marília Arraes quer sair do PT mas não quer perder o apoio de Lula para concorrer ao Governo.

Mexe daqui, mistura de lá e assim vão se costurando os acordos em busca do poder. Ideologias a gente acerta depois. Tá errado? Não sei, talvez caberá a nós, os eleitores, mostrar que coerência também pode ser fator decisivo como atributo para a formação de projetos políticos.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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