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A dança das cadeiras partidárias

Dos 513 Deputados Federais eleitos em 2018 na última eleição geral, cerca de 136 trocaram de partidos na janela partidária que se encerrou há duas semanas, segundo dados do JOTA Labs. Foram cerca de 26% dos parlamentares que se movimentaram visando as próximas eleições de outubro, e Bolsonaro foi o principal beneficiado com essas mudanças, acomodando seus aliados nos partidos do “Centrão”. Só o PL, partido do presidente Bolsonaro e presidido pelo Waldemar da Costa Neto, ex-deputado, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, conseguiu arregimentar 79 deputados.

Os partidos que foram mais prejudicados com a janela partidária e acumularam as maiores perdas de parlamentares foram o União Brasil, partido que resultou da fusão entre o DEM e o PSL, o PDT partido do presidenciável Ciro Gomes e o PSB partido que recebeu há poucas semanas o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin que se apresenta como pré-candidato a Vice-Presidente na chapa com o ex-presidente Lula.

O cenário atual apresenta o PL partido do presidente Bolsonaro com a maior bancada, saltando de 43 para 79 deputados, em segundo lugar aparece o PT que saiu de 53 para 56. O PP aparece em 3° lugar com 54 deputados, 12 a mais do que tinha antes da janela e em 4° lugar o União Brasil, partido que abriga o ex-juiz Sergio Moro que saiu de 81 para 51 um êxodo de 30 parlamentares.

Mas de fato, o que toda essa movimentação representa para o universo da política? Muita coisa, muitos interesses estão em jogo. Desde uma maior autonomia do poder executivo para andamento das pautas de interesse no congresso, passando por acordos nem tão republicanos assim, chegando às discussões estratégicas para formação de chapa de candidatos para a próxima eleição buscando um resultado mais promissor de candidatos à câmara federal eleitos o que garantirá uma gorda verba pública proveniente do Fundo Partidário e Eleitoral.

Agora que as peças foram estabelecidas e as movimentações visando as próximas eleições foram feitas, vamos começar a entender melhor o cenário e quais partidos entrarão com maior potencial nas próximas eleições. Estas definições serão ratificadas nas convenções partidárias que acontecem entre os dias 20 de julho e 5 de agosto.

O que fica claro é que política não é para amadores, os grandes caciques e os grupos políticos que desfrutam dos mesmos interesses, o dito “sistema” deram um banho nos menos avisados. Eles se organizam, são capazes de movimentos que faz qualquer um ficar de cabelo em pé. Mas no final eles conseguem se preservar para que tudo continue como está. É preciso muito propósito e um estômago forte para continuar nessa luta e tentar transformar a política em algo mais próximo do aceitável.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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