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Estudantes estrangeiros são acolhidos pelas escolas municipais de São Caetano

São Caetano do Sul, que completa 145 anos no próximo dia 28 de julho, foi constituída por imigrantes – italianos, japoneses, ucranianos, lituanos, libaneses, espanhóis…  Mais do que um dever, acolher o imigrante é um compromisso histórico desta cidade. E um dos primeiros lugares de socialização que temos é a escola. Por isso, as unidades da rede municipal de ensino buscam proporcionar a acolhida necessária para que os alunos vindos de outros países sejam incluídos à comunidade escolar e possam desenvolver ao máximo suas potencialidades.

Atendimento individualizado

Neste ano, a rede municipal de ensino registra a presença de 48 estudantes estrangeiros. Guilyne Destine, 11 anos, aluna do 6º ano da EMEFM (Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio) Arquiteto Oscar Niemeyer, está nesse grupo.

Guilyne chegou do Haiti em 2019. Falava, então, francês e crioulo; nada de Português. “Foi difícil a adaptação no início”, conta a mãe, Linda Antenor, que havia chegado ao Brasil seis anos antes, buscando melhores condições de vida para trazer a filha.

Inicialmente, a família morou em São Paulo e Linda matriculou a filha em um colégio particular. Logo veio a pandemia e tudo ficou ainda mais difícil. Profissional de Educação, ela decidiu se mudar para São Caetano atraída pela ótima reputação do ensino. Não se arrependeu. “A escola fez um acolhimento muito bom. O que me deixou feliz, logo no começo, foi que o formulário de inscrição trazia perguntas que ajudam a escola a conhecer melhor o aluno”, conta.

Oferecer atenção individualizada foi uma preocupação dos educadores. Segundo o diretor da Oscar Niemeyer, Edgar Casado, para compreender as necessidades da aluna e auxiliá-la no uso da língua, os professores a orientavam em particular. Além disso, Guilyne foi convidada a participar de atividades extraclasse, como a Technovation Girls, competição internacional de desenvolvimento de aplicativos. “Ela está sempre disposta a aprender e colaborar com as atividades da escola”, testemunha o diretor.  “Eu comecei a fazer amizades e conversar muito com os meus professores. Eles me ajudaram muito e a minha mãe também me ajuda quando eu preciso. E também a leitura me ajudou bastante!”, diz a aluna.

Orgulhosa, Linda conta que a filha está melhorando a cada dia. “Ela está realizando coisas que eu nem imaginava. Fez até apresentação no Gabinete do Prefeito!”. Foi no último 30 de junho, quando as participantes da competição de aplicativos Technovation Girls mostraram os seus projetos ao prefeito José Auricchio Júnior e ao deputado Thiago Auricchio na Prefeitura. A menina que chegou com dificuldades de comunicação aceitou o desafio de fazer um pitch (uma apresentação de 3 a 5 minutos) sobre o projeto que criou:  um aplicativo chamado “Help Them”, para ajudar mulheres que sofrem assédio e violência doméstica. “Foi incrível; conheci um monte de gente, pais dos meus colegas e também o prefeito e o deputado”.

Sem atrasos no ensino

Quem também estuda na EMEFM Arquiteto Oscar Niemeyer é Jessy Simoun, 14 anos. Ela chegou da Síria, em 2014, junto dos pais e do irmão Antonyo, um ano mais velho. Buscavam fugir da guerra civil, que destruíra a cidade natal, Aleppo, e reconstruir a vida em terras brasileiras. A caçula, Keren, hoje com 7 anos de idade, já nasceu no Brasil.

Inicialmente, a família morou no Espírito Santo e em Minas Gerais. Chegaram a São Caetano em 2018. Jessy já era, então, fluente em Português e não teve dificuldades em se adaptar à escola. “Trata-se de uma ótima aluna, participativa e comunicativa”, elogia o diretor Edgar Casado. Quem sentiu mais as mudanças foi o irmão mais velho, Antonyo, que chegou a ser alfabetizado em árabe na Síria, em uma escola particular. “Fui o primeiro da família a falar Português”, conta o adolescente, cujo nome faz referência a Santo Antônio, uma vez que a família é cristã.

A primeira impressão que Antonyo teve das escolas públicas brasileiras não foi positiva: “Eu já havia aprendido contas de subtração e os outros alunos estavam bem atrás”. Na rede municipal de São Caetano ele se adaptou melhor. As escolas públicas daqui são muito boas”, diz. Antonyo já estudou na EMEF Laura Lopes e na Senador Fláquer. Hoje cursa o Ensino Médio no Colégio Universitário USCS e sua disciplina favorita ainda é Matemática. “É uma linguagem universal”, diz o estudante.

Intercâmbio Cultural

A Priscilia Mbuku Bazonga, de 12 anos, também não falava Português quando chegou ao Brasil, há 9 anos.  Nasceu na Líbia, norte da África, e sua mãe, a cinegrafista Mamie Pemba Bazonga, era da República Democrática do Congo: francês foi o primeiro idioma que ouviu em casa.  Mas não demorou para que a menina aprendesse a língua de seu novo país.  Hoje, estudante da EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Senador Fláquer, Português é uma de suas matérias favoritas. “Junto com História e Ciências”, diz a aluna.

Mamie não economiza elogios à EMEF Senador, onde Priscilia estuda há apenas dois anos, quando a família se mudou para São Caetano. “É muito boa a escola, mil vezes boa! O diretor é acessível e cuida de tudo. Parece que são três pessoas!”, brinca.

Além de Priscilia, estudam na Senador a irmã Estrela, de 6 anos (já nascida no Brasil) e duas primas – a Ana Maria, 8 anos e a Eliana, 6 – que chegaram de Angola há cerca de dois anos para morar com a tia. Tendo já o Português como língua materna, não tiveram dificuldades de adaptação. “Elas sempre chegam contentes da escola, contando as novidades”, diz Priscilia.

 “É muito importante para a EMEF Senador Flaquer ter alunos de diferentes nacionalidades na unidade escolar, pela riqueza do intercâmbio cultural, troca de vivências, experiências, conhecimentos, além de ser uma oportunidade única para unir alunos de vivência tão heterogêneas”, diz o diretor Tiago Luiz de Araújo.  “Tem sido uma grande alegria ver a felicidade, empenho, disciplina e gratidão que alunos e familiares dedicam à escola e à educação municipal de São Caetano do Sul.”

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