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O motivo da segunda data no brasão de São Caetano do Sul

Texto e Pesquisa de Humberto Domingos Pastore

Duas datas estão destacadas com a mesma dimensão no brasão da bandeira do município de São Caetano do Sul. Uma é mais festejada, já a outra data vive esquecida e todo ano precisa ser recordada, relembrada de sua importância. A primeira é 28 de julho de 1877, data em que 28 famílias italianas, vindas da Região de Mântua e Treviso chegaram para fazer morada no Núcleo Colonial Tijucuçu. Isso mesmo, este povoado não tinha ainda o nome de São Caetano.

Já a segunda data do belo brasão é 24 de outubro de 1948, um domingo, data em que aconteceu o Plebiscito, a votação dos moradores da Vila São Caetano decidindo que não mais queriam pertencer a Santo André, e sim, se tornar uma cidade, com prefeitura, com câmara, com fórum e tudo mais que um município tem direito e necessita.

Vale recordar que este pedaço de chão que hoje se chama São Caetano do Sul já foi vila, de São Paulo, de São Bernardo do Campo e de Santo André. Até que sua população, cansada de ser relegada para segundo plano decidiu que poderia “andar com suas próprias pernas”, e se tornar uma cidade de fato e de direito.

A cronologia da emancipação começa mesmo com o lançamento do Jornal de São Caetano no dia 28 de julho de 1946 com o objetivo de divulgar os ideais autonomistas. E se reforça em 2 de setembro de 1947 com a fundação da Sociedade Amigos de São Caetano, criada para sustentar legalmente o movimento autonomista e encaminhar à Assembleia Legislativa o requerimento para a realização do plebiscito de acordo com a lei orgânica dos Municípios.

Logo a cidade se transforma em palco de acirradas disputas, onde não faltam momentos dramáticos e tensos. As lideranças pró-autonomia multiplicam-se; homens e mulheres ostentam com fervor o ideal da liberdade administrativa. A cidade é só emoção.

No dia 24 de outubro de 1948 é realizado o plebiscito com o comparecimento de 9.550 eleitores, a apuração dos votos é feita no mesmo dia, com 8.463 dizendo SIM, e 1.029 optando pelo NÃO. Diante desse resultado, a Assembleia Legislativa aprova a criação do Município.

O nome de Ângelo Raphael Pellegrino é escolhido para disputar a eleição a prefeito, pela coligação formada pelos partidos: PSD, PR, PTN e PSP. Foi no dia 24 de dezembro daquele mesmo ano que o governador do Estado de São Paulo, Adhemar de Barros, ratificou a decisão dos sancaetanenses, homologando a criação do Município de São Caetano, que recebeu o apêndice: do Sul para se diferenciar da cidade de São Caetano que já existia no Agreste Pernambucano.

A instalação do Município aconteceu no dia 1º de janeiro de 1949 e a primeira eleição para os cargos públicos definiu os vereadores que compuseram a primeira Câmara, elegendo Ângelo Raphael Pellegrino como o primeiro prefeito. O primeiro presidente da Câmara Municipal foi Acácio Novaes e a posse dos dois poderes se deu em 3 de abril de 1949.

A eleição aconteceu no dia 13 de março de 1949. O resultado final da apuração registrou a vitória de Pellegrino (4.094 votos) contra Fláquer Neto (1.017 sufrágios). Na manhã do dia 3 de abril de 1949, crianças dos grupos escolares na cidade e representantes dos clubes esportivos saem em desfile da Praça Ermelino Matarazzo, no Bairro da Fundação, dirigindo-se à Praça Cardeal Arcoverde, percorrendo as ruas enfeitadas e repletas de populares. Diante da Igreja Sagrada Família, o padre Ézio Gislimberti celebra missa em ação de graças pela Autonomia. Setenta e quatro anos depois, dos 95 líderes autonom istas, três ainda vivem, são eles Mário Porfírio Rodrigues (97 anos), Desirée Malateaux Netto (92 anos), e Ettore Dal’Mas (101 anos).

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