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Um dia para não esquecer. Será?

No último domingo, dia 08 de janeiro de 2023 assistimos cenas que ficaram para a história e deverão ser contadas para que não nos esqueçamos do trágico ataque à democracia, ou talvez não.

Mas de fato, o que levou a esse caos? Acho que a resposta está na nossa falta de coerência, somos reféns do que plantamos como sociedade. Diferente do que pensam alguns que respeito, não acho que se trata de terrorismo. Somos um povo que resolveu transformar a política em jogo de futebol, e assim como acontece nos estádios, decidimos ser como algumas torcidas “organizadas” para as quais o jogo não é o que importa, o que vale é o desrespeito ao meu adversário.

O mesmo lado do que reclama das invasões do dia 08, cansou de quebrar vidraças num passado nem tão distante e os mesmos conservadores que hoje aplaudem essas barbáries, ficavam enfurecidos quando militantes de esquerda vestidas com seu boné do MST quebrava vidraça de bancos privados e outras entidades na Avenida Paulista.

Ninguém se recente de nada, ninguém está preocupado com a imagem que vamos passar para o resto do mundo, ninguém está nem aí para os absurdos que estamos assistindo e continuaremos a assistir dos dois lados desse tipo de fanatismo em que defendem cegamente políticos que deveriam nos envergonhar. Duas faces de uma mesma moeda pobre e sem nenhum valor moral, apenas com seus próprios interesses. Ou você acha que a cena do Presidente Lula puxando a fila em ato contra os ataques com um leve sorriso no rosto não quer dizer nada? Ou a cena de Bolsonaro no supermercado é fruto de mero acaso?

A conta que os lados políticos fazem agora não é sobre a reconstrução de Brasília, mas sim o que cada lado vai ganhar com o show de horrores do último domingo.

As pessoas que orquestraram a quebradeira tem seus interesses ou acham que tem. Não se invade os poderes do Estado com tamanha facilidade, não se mobiliza tanta gente na surdina. Os sinais estavam claros, o prenúncio de uma invasão ou algo do tipo estava evidente desde as eleições. Nada é por acaso, nada é aleatório, a política não permite tamanho amadorismo. A massa de manobra prestou seu serviço, quebrou tudo sem ao menos se perguntar para que estava quebrando, qual o próximo passo dessa estratégia “brilhante”.

E agora, passado o ataque teremos alguns poucos, ou nenhuma pessoa punida, vai chegar o carnaval e logo esqueceremos do que passou e essas cenas se misturarão com outras tantas e não mudará nada em nós. Parafraseando Tonny Ramos, nos falta elegância, não nas roupas mas nas nossas atitudes. Nos falta maturidade para discutir os temas relevantes para nosso país, a maturidade que nos confere conhecimento para entender os reais motivos que deveriam nos levar às ruas. Enfim, precisamos crescer como povo, e já está passando da hora.

Alan de Camargo: Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).

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