Muito se questiona sobre os motivos que levaram à explosão de Junho de 2013. Esta é uma questão bastante complexa, porém podemos considerar que alguns elementos auxiliam na formulação de hipóteses para tentar compreender os eventos ocorridos.
Em 2013, o país vivenciava o final de um ciclo bem-sucedido implementado pelos governos petistas, que envolveu a ampliação do salário mínimo, o programa Bolsa Família e a criação de empregos em larga escala. Essas medidas permitiram que milhões de pessoas de setores marginalizados da classe trabalhadora, que anteriormente trabalhavam de forma informal, tivessem acesso a empregos formais e a uma renda mensal regular. Essa política contribuiu para um processo de ascensão social que se manifestou em diferentes níveis em todo o país.
No entanto, não houve um projeto de controle dos aluguéis nas grandes cidades, nem um enfrentamento direto com o setor imobiliário. Além disso, não foi implementada uma política abrangente de melhoria dos sistemas públicos de saúde e educação, nem um controle dos ganhos das camadas mais ricas da população, que, nesse período, acumularam grandes lucros e contribuíram para o aumento do custo de vida.
Dessa forma, em 2013, as famílias que haviam experimentado uma ascensão social viram seus ganhos serem corroídos pelo aumento do custo de vida, juntamente com o crescimento do endividamento. Pesquisas da época mostraram, por exemplo, que o custo de vida em São Paulo havia dobrado nos últimos anos.
Além disso, havia um descontentamento generalizado entre as camadas médias, que se sentiam excluídas de qualquer apoio estatal, o que contribuiu para um sentimento de ressentimento nesse setor. Pipocavam elementos de esgotamento desse modelo.
Somado a esses fatores, tínhamos também, nesse período, como dinamizador dessas contradições, a construção de grandes obras públicas para os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, o que exigiu grandes somas de dinheiro do poder público e aumentou a sensação de mal-estar social.
Dessa forma, não é surpreendente que todo esse descontentamento tenha explodido em relação à prestação de serviços públicos, como o transporte público.
Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público