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Feira Literária de Santo André causa indignação entre agentes culturais da cidade

Artistas andreenses não serão remunerados, porém o evento tem orçamento 46 vezes maior que o destinado a cachês no aniversário do município

Por Eduardo Kaze

Entre os dias 17 e 20 de agosto será realizada no Paço Municipal de Santo André a 1º Festa Literária da cidade (FLISA). O evento, que é organizado pela secretaria de Educação do município, pegou os artistas andreenses de surpresa, causando, em muitos, indignação pela falta de transparência e informação referente a atividade.

Na última quinta-feira (3), matéria do jornal Diário do Grande ABC foi a primeira a abordar o assunto que, até então, era desconhecido pela maioria. A publicação, intitulada “1ª Festa Literária de Santo André celebra Ariano Suassuna”, afirma que “serão seis espaços espalhados pelo Paço Municipal (Praça IV Centenário, Centro)”, contando, entre eles, com “mesas de debate sobre a literatura com autores locais”.

Porém, os autores que estarão presentes não foram divulgados, tampouco detalhes da programação. “Nenhum escritor da região, de Santo André ou representante cultural, editores, produtores, foi convidado”, denunciou, nas redes sociais, uma escritora. Outra artista comentou: “Eu defendo que o escritor esteja onde encontrar oportunidade e respeito. Desejo boa festa aos participantes, mas não contem com o meu prestígio e divulgação”.

De acordo com um dos organizadores da FLISA, em mensagem via WhatsApp, “provavelmente o prefeito (Paulo Serra) irá anunciar a festa na próxima semana, numa entrevista coletiva”.

A contratada

A empresa contratada para a realização se chama SP Eventos e tem sede na Avenida Guaianazes, em Santo André. A contratação ocorreu por meio de um pregão: No dia 20 de julho, a prefeitura emitiu o chamamento; a 1 de agosto, abriu os envelopes com as propostas orçamentárias e, dois dias depois, anunciou a contratação em publicidade legal. O valor, de R$ 3.375.000,00, é quase 47 vezes o orçamento destinado aos artistas no aniversário de Santo André (72 mil), e mais de 18 vezes o destinado ao Festival de Inverno de Paranapiacaba (R$ 185 mil), sem incluir os gastos com infraestrutura.

Para participarem da FLISA, organizada por uma empresa terceirizada, porém, nenhum artista da cidade será remunerado – e apenas três foram informalmente confirmados. Situação que tem causado desconforto com os principais responsáveis pela cultura no município. “Cidade está sendo sodomizada pelo ‘capitalismo cultural’. Vou mandar essa galera tomar no *”, desabafou um editor independente andreense.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Santo André foi contatada para comentar o assunto, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

(Os nomes foram mantidos em anonimato para preservar as fontes)

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