O Hospital da Mulher, da Prefeitura de São Bernardo, tem estampado as páginas policiais nas últimas semanas. O equipamento público, sob administração da gestão Orlando Morando e da Fundação ABC, se envolveu em uma série de denúncias sobre violência obstetra, demora no parto, ferimentos, compressa esquecida dentro do corpo de duas pacientes e pelo menos quatro mortes.
Na última segunda-feira (22), um grupo com cerca de 50 pessoas formado por ex-pacientes, familiares e integrantes de movimentos sociais, participaram de uma manifestação organizada pelo Movimento Elas por São Bernardo cobrando explicações sobre os nove casos revelados até o momento, além de humanização no atendimento.
A primeira pessoa a denunciar o Hospital da Mulher foi a jovem Raissa Falosi Santos, de apenas 20 anos. A mulher ficou quase três semanas com uma compressa dentro de seu corpo depois de dar à luz à primeira filha, em março.
“Depois que denunciei, olha quantos casos foram revelados. Imagina quantos outros episódios não devem estar escondidos. Quantas mulheres vão precisar morrer para que isso acabe?”, disse a vítima na manifestação. Outro caso semelhante ocorreu em outubro do ano passado com a jovem Giovanna, que conviveu com o mesmo item durante duas semanas em seu corpo.
A partir da denúncia de Raissa, outros casos vieram à tona, um deles ainda em 2019, quando a unidade hospitalar especializada em saúde da mulher funcionava no Rudge Ramos – hoje está instalado no Nova Petrópolis (veja todos os casos conhecidos até o momento na arte). Em setembro daquele ano, Stephany dos Santos perdeu seu bebê por conta da demora no parto.
Os casos fatais mais recentes foram registrados em março, quando uma gestante morreu após complicações de anestesia, e em abril, quando Giovanna e seu filho Antony morreram após uma série de negligências no pré-natal e no parto.
A vereadora Ana Nice (PT) e o deputado estadual Luiz Fernando (PT) enviaram pelo menos oito requerimentos à Prefeitura, ao Ministério Público do Trabalho e para o Ministério Público para que as ocorrências sejam apuradas.
A Prefeitura de São Bernardo afastou do cargo Rodolfo Strufaldi, diretor técnico do Hospital da Mulher. Enquanto isso, o secretário de Saúde da cidade, Geraldo Reple Sobrinho, saiu de férias no último dia 23 de abril e ficará ausente durante 15 dias.
Por Samuel Oliveira