Em artigo anterior, com o título O Tempo e a Água, escrito em 07 de maio e publicado dia 11 do mesmo mês no Imprensa ABC, ou seja, nos primeiros dias da tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul, escrevi “É urgente que verbas sejam destinadas e providências tomadas para minimamente nos prevenirmos dos efeitos que já atingem a todos nós”. Diante da enchente de fake news sobre essa tragédia, tão grande e destruidora quanto aquela, patrocinada por aproveitadores que querem auferir dividendos políticos para a direita ou extrema direita sobre o sofrimento do povo, julgo necessário dizer que enquanto eu escrevia, providências já eram tomadas e já estava se fazendo avaliações de verbas a serem destinadas ao Rio Grande do Sul por parte do Governo Federal, como foi veiculado por órgãos de imprensa, entretanto eu não o sabia e estava escrevendo sobre o calor do momento. Hoje já sabemos dos esforços que são feitos para socorrer as vítimas e reconstruir o Estado.
Porém meu artigo não quis se ater somente ao ocorrido no Rio Grande do Sul e, sim, chamar a atenção para o alcance da crise climática que em parte criamos e que nos atinge. É verdade que o urgente é de socorrer as vítimas e reconstruir o que foi atingido. Isso, porém, não nos redime da necessidade de considerarmos com a devida seriedade e presteza possíveis, poderia dizer prováveis, novos eventos devastadores, como nos alerta a ciência. Ou mesmo consequências silenciosas e cumulativas dos quais só vamos tomando consciência paulatinamente.
Acho prudente, portanto, reafirmar o que já disse naquele artigo: “precisamos de autoridades que encarem com seriedade esses problemas e isso tem a ver com política. Ou seja, “fora da política não há salvação”. Por isso torna-se tão importante discutirmos essas questões, para tomarmos opções acertadas nos nossos processos eleitorais, quase permanentes, e não escolhermos políticos negacionistas, mas aqueles que tenham a consciência e dimensão da realidade à qual o capitalismo e o mercado global nos trouxeram”.
Retomo essas palavras no sentido que nos processos eleitorais que temos pela frente, tenhamos clareza que não basta elegermos executivos que se importem com o povo e se empenhem em cuidá-lo. Precisamos legislativos – vereadores, deputados estaduais e federais, senadores – que legislem não em favor do grande capital que só se importa com o lucro e a distribuição de dividendos para aumentar ainda mais suas fortunas, mas de legisladores atentos aos alertas da ciência e que tenham o bem comum acima de interesses particulares dos que já são os mais ricos e que em geral não são atingidos pelas catástrofes.
Luiz Eduardo Prates
Professor Universitário, Sociólogo, Teólogo e Educador