Paulo, um sociólogo, que trabalha num instituto de pesquisa, tira férias e leva seus quatro filhos para passarem uma semana numa fazenda antiga do interior.
Como ele havia enviuvado cedo, era um pai dedicado e sabia que para as crianças seria uma aventura estar numa fazenda antiga preservada como era nos velhos tempos.
Lá eles viveram momentos muito agradáveis, sem que lhes faltassem histórias de suspense, mistérios da tradição caipira contadas por dona Santa, a proprietária da fazenda e anfitriã. Paulo e as crianças ouviam as histórias sempre antes de irem para cama, cada noite era uma história diferente, mas todas de meter medo, principalmente de assombração.
O autor, Reginaldo Prandi, é paulista de Potirendaba, professor de sociologia na Universidade de São Paulo e escritor. Tem vários livros publicados, como Mitologia dos Orixás, Jogo de Escolhas, Os Príncipes do Destino, entre outros.
Prandi, quando era criança ouvia histórias contadas pela sua avó paterna, e sua tia-avó Rosa. Eram eximias contadoras de histórias de meter medo!
O autor diz que as histórias deste livro eram muito conhecidas no interior de São Paulo e em muitas outras partes do Brasil. Algumas também foram registradas em Portugal, Itália, Espanha e outros países com que compartilhamos nossas tradições. Para quem se interessa pela cultura caipira paulista, ele sugere o livro Conversas ao Pé do Fogo, de Cornélio Pires, publicado em São Paulo, pela Editora Piratininga, em 1921.
Neste livro, Reginaldo Prandi, reuniu histórias que fazem parte do patrimônio cultural da região onde nasceu. Ele defende a ideia de que “quem não prova do medo não aprende a arte da coragem”. E penso que ele tem razão, para fortalecermos nossa coragem, aprender a enfrentar o medo, pode ser um meio bastante eficaz. Só um cuidado deve ser tomado: o de não se deixar dominar pelo medo, quando enaltecido pela imaginação.
Gosto da abordagem de Prandi, sua narrativa é bastante agradável e bem estruturada e sempre faz comentários muito ricos, pois, sendo sociólogo, faz análises muito interessantes sobre o tema que escreve, dando margem a uma compreensão maior do enredo e suas causas, onde neste livro, se fazem através do personagem Paulo, que por exemplo, num determinado trecho da história A Noiva da Figueira diz; “… as histórias que o povo conta, mesmo as que falam de assombração, costumam aprovar ou criticar certos comportamentos e modos de pensar.”
As ilustrações são de Rodrigo Rosa, que nasceu em Porto Alegre. Formado em jornalismo pela PUC/RS, é designer gráfico, ilustrador e cartunista. Fez ilustrações para publicidade, recebeu diversos prêmios em salão de humor nacionais e internacionais.
Este é um livro bastante rico na tradição caipira, com histórias de medo, suspense, mistério e que tem um desfecho surpreendente. Imperdível!