Superintendência da Polícia Federal em São Paulo ouviu a vereadora Bruna Biondi para apurar violência política de gênero
A superintendência da PF (Polícia Federal) em São Paulo deu continuidade ao inquérito que apura fala e conduta do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSD), contra a vereadora Bruna Biondi (PSol). Em maio, durante evento público, o chefe do Executivo chamou a oposicionista de “tchutchuca”. Na terça-feira (1º), Bruna esteve na sede da PF, no Bairro da Lapa, na Capital, para prestar depoimento.
O ataque com termo chulo e de contexto misógino pode ser considerado, segundo legislação atual específica, como ‘violência política de gênero’. A parlamentar encaminhou denúncia ao MP (Ministério Público) dias depois da agressão. A queixa então foi repassada à autoridade policial, responsável por colher depoimentos e outros elementos comprobatórios.
“Demos um passo importante contra a violência política de gênero. A fala (do Auricchio) teve o objetivo de me humilhar, diminuir e constranger no ambiente da política pelo simples fato de eu ser mulher e de impedir meu trabalho”, discorreu Bruna.
A parlamentar ainda lembrou que situações semelhantes ocorrem com frequência no ambiente da Câmara de São Caetano do Sul. Vereadores da base costumam praticar ataques parecidos com os de Auricchio.
O inquérito em curso visa a elucidar o caso e determinar culpados. Bruna avalia que a investigação pode dar subsídios à Justiça para condenar Auricchio. Caso isso ocorra, esta será uma decisão inédita de uma ação movida por uma vereadora contra um prefeito.
Bruna afirmou em reportagem que “confirmou ao delegado toda a denúncia já feita e a maneira como ele (Auricchio), mais de uma vez, utilizou aquele termo (tchutchuca) para cometer violência política de gênero fazendo uma vinculação sexual do termo pejorativo”.
Bruna ainda disse que atualizou a autoridade quanto aos incessantes ataques e usos políticos do caso, por adversários, que tentam se promover com a degradante situação.
Procurada, a assessoria de imprensa de José Auricchio Júnior não informou se o prefeito já prestou esclarecimentos à PF e também não se manifestou em relação à acusação da vereadora.
A Polícia Federal também foi procurada para confirmar se o prefeito de São Caetano foi ouvido, mas a superintendência não respondeu até o fechamento desta edição.
Pessoas próximas ao governo confidenciaram em condição de anonimato que Auricchio, intimado, deu declarações por meio de videoconferência.
A queixa de Bruna contra Auricchio foi levada ao MP em 21 de maio. A parlamentar argumentou à época que o tucano incitou ataques contra a vereadora durante prestação de contas realizada dias antes na Paróquia Nossa Senhora Aparecida.
“Esta parlamentar gosta de mentir, mentiu em outras situações. É valente comigo, me xinga quando tem oportunidade de falar com repórter. Quando vai ao jornal (…) ela vira uma tchutchuca. Agora, quando está individualizado, é agressiva, às vezes chega a faltar com modos de educação”, disse Auricchio, sem mencionar o nome de Bruna. A fala foi gravada em vídeo e rapidamente viralizou.
Legislação
A Lei nº 14.192/2021 alterou o Código Eleitoral e tornou crime a violência política de gênero. A legislação estabelece regras jurídicas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher nos espaços e nas atividades relacionadas ao exercício de seus direitos políticos.
Pessoas condenadas pela prática podem ficar presas de um a quatro anos.
Fonte: Reprodução Diário do Grande ABC