Dez anos depois do assassinato de Celso Daniel, cinco acusados estão sendo julgados hoje, por juri popular na cidade de Itapecerica da Serra, local onde foi encontrado o corpo do ex-prefeito de Santo André, morto a tiros.
Caso até hoje, resolvido parcialmente, tanto pela polícia quanto o ministério público – que tornou o caso confuso na versão criminal, – dando versão como crime comum, enquanto que as investigações conduziam para crime político.
O ex-prefeito, na época era homem forte do PT paulista, e cotado para ser o coordenador geral da campanha eleitoral do ex-presidente Lula e futuro ministro do então presidente.
Com a ida a juri popular hoje (10), dos cinco acusados pelo assassinato de Celso Daniel: Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como “Monstro”; Elcyd Oliveira Brito, o “John”; Rodolfo Rodrigo dos Santos, o “Bozinho”; Itamar Messias dos Santos; e José Edison da Silva. Todos faziam parte da quadrilha da favela Pantanal, na divisa de São Paulo com Diadema, que sequestrou e matou Celso Daniel. Serão ouvidas 13 testemunhas de defesa para o julgamento, enquanto que o MP não arrolou nenhuma.
Os cinco réus serão acusados por homicídio duplamente qualificado.
Da investigação
Para o Ministério Público, a eliminaação do ex-prefeito Celso, teve relação com um esquema de corrupção dentro da Prefeitura de Santo André, montado com o objetivo de arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais do PT. O dinheiro viria de fraudes em licitações e da concussão (exigência de dinheiro em razão da função pública) de empresas de transporte, coleta de lixo e obras públicas, que eram coagidas a pagar uma “caixinha” todo mês. Só com as empresas de ônibus a quadrilha teria levantado mais de R$ 100 milhões.
Corrupção
Além da ação criminal, o MP moveu durante as investigações, uma ação por improbidade administrativa contra Sombra, o atual secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, amigo do ex-prefeito e secretário de governo na gestão de Celso Daniel, o então secretário de Serviços Municipais Klinger Luiz de Oliveira, os empresários Ronan Maria Pinto, Luiz Marcondes Júnior e Humberto Tarcísio de Castro. Até hoje eles não foram julgados pelas denúncias.
Empresários de Santo André confirmaram ao MP a existência do esquema, o que o PT sempre negou. José Dirceu, na época presidente da sigla, não foi investigado pelo MP por força de uma decisão temporária do STF (Supremo Tribunal Federal), em 2004, na qual o ex-ministro Nelson Jobim considerou que a promotoria não pode realizar investigações criminais.
Coincidências
O engenheiro e professor de economia Bruno Daniel – irmão de Celso Daniel, recorda na entrevista feita a uma revista de grande circulação nacional no mês de março último, – as estranhas circunstâncias que envolveram o sequestro e a morte precedida de torturas, comenta o esforço dos dirigentes do PT para sepultar as investigações, destaca o papel de Gilberto Carvalho na trama forjada para impedir o esclarecimento da história, revela a sequência de ameaças que o forçaram a exilar-se na França durante cinco anos, promete continuar lutando pela condenação dos culpados e ainda acredita no triunfo da verdade.