Luta e conquista, apesar da crise

Aparecido Inácio da Silva é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, advogado, e mestre em Direito do Trabalho pela PCU/SP.

Nos últimos tempos a palavra crise tem sido destaque no noticiário nacional e é fato que o mundo vive uma profunda recessão. As economias nacionais encolhem, o desemprego cresce e o futuro se torna incerto para milhões e milhões de pessoas. Entre nós, brasileiros, a grande preocupação do momento é se a crise já nos atingiu e qual o seu real tamanho.
Do meu ponto de vista, penso que sim, estamos em meio a uma crise, mas não na proporção do que acontece em outros países. Até porque a realidade brasileira hoje é diferente de outros tempos, mas nem por isso devemos abandonar os nossos temores e “baixar a guarda”. Tanto é assim que a nossa preocupação maior neste momento é lutar para manter o crescimento econômico com distribuição da renda, com vistas a assegurar o desenvolvimento sustentável e a inclusão social do maior número de brasileiros e brasileiras.
Foi pensando exatamente assim que o sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, sob a minha presidência, iniciou o ano de 2012 com a firme decisão de manter a luta, frente à necessidade de garantir empregos junto a nossa categoria profissional e ampliar a nossa participação nos resultados alcançados pelo setor automotivo, considerado o mais dinâmico de toda a economia nacional.
Além disso, estivemos em diversas frentes de luta. Primeiramente contra a desindustrialização do Brasil e, em seguida, no embate, em Brasília, para pôr fim ao desconto do Imposto de Renda nos ganhos da PLR, além da luta constante contra o Fator Previdenciário que reduz em até 40% do salário daqueles que se aposentam.
O processo de negociação da PLR (participação nos lucros ou resultados) deste ano na empresa General Motors, não deixou dúvida de que o nosso propósito sempre foi o de lutar com afinco por uma participação sempre melhor do que a dos anos anteriores (desta vez o crescimento do seu valor foi 12% maior do que em 2011) e permitir que, por meio desta importante conquista, vários milhões venham a ser injetados na economia local, regional e nacional. Na verdade serão R$ 75,9 milhões injetados na economia, considerando apenas o valor da primeira parcela e o número de trabalhadores da GM São Caetano. O que com certeza fortalecerá o crescimento através do aumento da produção e do consumo e a geração de novos empregos. Esta conquista chega em um momento de retração no mercado de veículos automotores que esperamos seja passageira. O que mostra ter os metalúrgicos de São Caetano visão de conjunto e capacidade ação na sua luta por um Brasil cada vez melhor.