“A Ministra das Trombadas”, ao comprar briga com a Igreja, militares e ruralista, a secretária nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, dá ao cargo uma dimensão jamais vista.
Gaúcha de nascimento, aos 12 anos já fazia parte do grêmio estudantil de sua escola e iniciou seu histórico de militância política. Aos 14 anos, produziu um jornal para tentar derrubar o vice diretor do colégio. Na vida adulta, se destacou no movimento de luta por melhorias de trabalho dos professores, filiou-se ao PT e foi eleita vereadora, deputada estadual e depois deputada federal por três mandatos, sendo a sexta maior votação do Rio Grande do Sul, pediu licença para assumir a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Com apenas 44 anos de idade, deu ao cargo uma dimensão que jamais teve ao defender com veemência a união civil dos homossexuais, a comissão da verdade sobre os mortos da ditadura e a desapropriação de fazendas que exploram o trabalho escravo, também cobrou espaço para sua secretaria na coordenação da comissão que procura as ossadas de guerrilheiros no Araguaia.
O efeito de sua postura foi imediato. Obteve represália da Igreja, dos militares e da frente ruralista. A ministra quer abrir os arquivos da ditadura das Forças Armadas que se recusam a revelar, além de investigar os crimes do regime militar. Ela quer passar a limpo os anos de chumbo e tem aval dos grupos de direitos humanos para cobrar responsabilidades.
Na pauta de governo com a Igreja está o 3º Plano Nacional dos Direitos Humanos, que trata do casamentos de homossexuais, do aborto e da invasão de terras, a ministra alegou que deve haver diálogo amplo para essas temáticas e ressaltou que vivemos em um país laico. Recentemente procurou os maiores produtores de soja do mundo para discutir a questão dos conflitos agrários e o trabalho escravo.
Como se vê, a gaúcha Maria do Rosário está na cadeira certa e é realmente osso duro de roer.