Vários episódios mostraram, aos poucos, que dom Pedro I não atendia mais aos interesses brasileiros: fechamento da Assembléia ( 1823 ), Confederação do Equador e de Frei Caneca (1824), Guerra da Cisplatina onde perdemos o Uruguai (1828), disputa com o próprio irmão pela sucessão do trono de Portugal (1828), assassinato à tiros do jornalista Libero Badaró (1830), Noite das Garrafadas – conflitos de rua no Rio de Janeiro entre portugueses e brasileiros – (1831). Percebendo que tinha perdido a autoridade e todo respeito da população, D. Pedro I renunciou em favor de seu filho, Pedro de Alcântara que tinha cinco anos de idade. Era 7 de abril de 1831. A abdicação foi o ponto de partida para a vida partidária brasileira. As tendência divergentes tomaram seus rumos próprios. A renuncia do Imperador não deixou os brasileiros satisfeitos. O príncipe regente era menor de idade e não podia governar. Tal fato provocou sérias disputas entre vários grupos políticos que queriam controlar o governo. Durante a menoridade, o Império deveria ser governado por uma Regência de três membros, eleitos pela Assembléia Geral. Nesta forma de governo, muitos estudiosos vêem uma semelhança com o Regime Republicano, em que o poder executivo também é exercido por um presidente. Em agosto de 1834, a Constituição brasileira foi modificada através de um Ato Adicional, Lei nº 16. Uma das modificações foi a substituição da Regência Trina pela Regência Uma, onde o regente eleito pela Assembléia governaria quatro anos. Temos aqui mais um elemento que torna esse sistema de governo semelhante ao Regime Republicano: a troca de governante depois de certo período. Em 1840, Pedro de Alcântara assumiu o governo, com o título de dom Pedro II. Isso só foi possível porque a Assembléia Geral, diante da difícil e conturbada situação política enfrentada pelo país, aprovou a antecipação da maioridade de Pedro de Alcântara de 14 para 18 anos. Com a coroação do Imperador, o governo central conseguiu impor sua autoridade a todo país e manter a unidade do Império Brasileiro. Três grupos políticos entraram em choque nessa época:
– os restauradores ou caramurus, em sua maioria comerciantes e militares portugueses, que queriam a volta de dom Pedro I ao governo. Em 1834, com a morte de Pedro I, o grupo dos restauradores deixou de existir.
– moderados ou chimangos, formado principalmente por grandes proprietários rurais. Opunham-se a toda e qualquer mudança que trouxesse benefício ao povo. Eram a favor da ordem a qualquer preço, da continuação da monarquia e da manutenção do país com base agrícola e exportadora.
– exaltados ou farroupilhas (jurujubas), defendiam reformas que melhorasse a situação dos pobres, o voto livre para todos, a instalação da industria, maior liberdade para as províncias e o fim do poder moderador.
Os moderados apoiados pelos grandes fazendeiros, derrotaram os exaltados, que foram perseguidos, presos, expulsos do Brasil e, muitos deles, mortos. Donos da situação e do governo, os moderados dividiram-se em dois grupos: os progressistas ( futuro Partido Liberal ) e os regressistas ( futuro Partido Conservador), ambos dominaram o governo brasileiro durante todo período monárquico, ou seja, até 1889.