Há 13 anos, para muitos, havia acabado uma das maiores bandas de rock do Brasil. Hoje, o Raimundos conseguiu provar de uma vez por todas que estão mais vivos do que nunca. E digo “de uma vez por todas” porque para os que acompanham, o Raimundos permanece vivo desde que o Digão anunciou que seria o novo vocalista.
Após 20 anos do lançamento do disco de estreia e 12 anos do último álbum de estúdio, o Raimundos lança o seu mais novo disco de estúdio, Cantigas de Roda. Primeiro o download online e posteriormente o CD físico (ambos para os que aderiram ao crowdfunding). Para os poucos que não sabem, o novo disco não foi lançado por gravadoras, e sim, por um financiamento coletivo. A meta inicial da banda era conseguir R$ 55 mil, mas os fãs surpreenderam e fizeram a banda arrecadar R$ 123 mil, mais que o dobro. Isto que é saudades de ver material novo.
E para alegria, não só dos fãs, mas de todos os amantes do rock, o disco está perfeito. O Cantigas de Roda mostra uma sonoridade que há tempos estava ausente no cenário nacional, misturando HC da melhor qualidade, rock pesado, ska, punk rock e forrócore, gênero que consagrou a banda no início da carreira. E um dos responsáveis por isto, é Billy Grazidei, vocalista do maravilhoso Biohazard, que produziu o disco.
E falando das músicas, ninguém tem o que reclamar. O disco não tem com o que ser comparado, a não ser com o próprio Raimundos. Na primeira musica já vai uma lapada na orelha com a música Cachorrinha, uma das melhores da banda na minha opinião. E o disco segue com as melhores características; músicas rápidas, pesadas, tem as mais leves, mas que não fogem das origens “Selim” do inicio da carreira. E lógico, as letras ‘sacanas’ que todos morriam de saudades.
Um dos momentos altos do disco vem com a música Nó Suíno, que o Raimundos solta o verbo na “Paumolescência” da cena atual, que perdeu a essência do rock, não só no som, mas da correria que toda banda de rock deveria passar (Chegamos na roubada viajando a noite inteira / 15 horas de viagem, meia hora de pauleira). Vale ressaltar também o monstruoso solo do Marquim. E outro ponto alto é a maravilhosa Dubmundos, um ska de muita qualidade com diversas participações especiais, como a do Sen Dog, do Cypress Hill.
Cantigas de Roda está sendo um divisor de águas, não só para o Raimundos, mas para o rock nacional. Para o Raimundos, porque é o tapa na cara que muitos precisavam para ver a maturidade e a qualidade da banda, e para o rock, porque há muito tempo não se via um disco tão poderoso musicalmente quanto esse.
Por Luciano Castilho
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