E o Brasil continua ganhando destaque no cenário cinematográfico mundial. De uns anos pra cá, o país vem sendo constantemente lembrado; ora por produções locais que fizeram sucesso fora (casos de Tropa de Elite I e II, Hoje eu Não Quero Voltar Sozinho, O Som ao Redor), ora para ser cenário de megaproduções (Velozes e Furiosos 5, Os Mercenários, Crepúsculo – Amanhecer), ora para usufruir dos nossos talentosos artistas (José Padilha dirigindo o remake de Robocop, Wagner Moura atuando em Elysium, Afonso Poyart dirigindo o ainda inédito Solace) e ora simplesmente para homenageá-lo (Rio I e II e Rio, Eu te Amo).
No último dia 5, foi a vez do filme Vermelho Brasil entrar em circuito nacional. A produção é uma parceria entre as produtoras Conspiração Filmes (Brasil), Pampa Production (França) e CD Films (Canadá), é baseada no romance Rouge Brasil,do escritor francês Jean-Christophe Rufin e vendeu mais de 500 mil cópias no mundo. O orçamento ficou na casa dos R$ 20 milhões e contou com uma equipe com mais de 1500 pessoas.
Vermelho Brasil, dirigido pelo canadense Sylvain Archambault, conta a história do cavaleiro francês Nicolas Durand de Villegagnon, que pretendia transformar o futuro Rio de Janeiro, na chamada França Antártica, até então, um pedaço de terra esquecido pelos portugueses. Em sua expedição, estão os irmãos Colombe (que no filme é tratada por Colin, já que era proibido mulheres nas expedições) e Justin, que embarcaram junto aos exploradores, na esperança de encontrar o pai. Ao chegar no Brasil, Villegagnon se depara com o colonizador português João da Silva, no qual, travam uma batalha pela terra (uma verde e virgem Baía de Guanabara).
Inicialmente, da a entender que a premissa do filme é a disputa entre os franceses e portugueses, mas no decorrer, percebe que a história vai bem mais além, como os índios que habitam a terra esquecida, a ideia da formação do Rio de Janeiro e, principalmente, a bela e forte relação dos irmãos (com direito até a uma intenção de incesto). Grande parte da trama é centrada nas ações e nos sentimentos de Colombe e Justin. Vale destacar a instabilidade de Villegagnon (interpretado pelo sempre competente Stellan Skarsgard), que por momentos, se mostra compreensível a hostilidade dos índios, argumentando que eles fariam o mesmo caso invadissem suas terras, momentos que se mostra cego pela ambição da conquista, momentos de indiferença com a vida alheia e momentos de compaixão.
Mesmo não sendo uma técnica nova, mostrar valores nunca é demais (lógico, quando bem mostrado). Em Vermelho Brasil, Archambault enfatiza como era grande a ignorância do homem branco para com os índios (ignorância que muitos, infelizmente, devem enfrentar até hoje), onde os “civilizados” se achavam superiores, desdenhando e menosprezando os costumes indígenas, os fazendo de escravos em seu próprio lar e, principalmente, expulsando-os de suas terras. Pode ser clichê, mas é bom para refletir um pouco.
Atores brasileiros também tiveram a chance de mostrar seus talentos no filme. A atriz Giselle Motta (O Palhaço), interpreta a bela índia Paraguaçu e o ator / dublador Pietro Mario Bogianchini, faz dois papéis, o do marinheiro Old Sea Wolf e de seu irmão, o índio e chefe da tribo, Pay Lo. Também no elenco, está o ator português Joaquim de Almeida, que já atuou em grandes produções, como Velozes e Furiosos 5, A Balada do Pistoleiro, entre outros.
Ao assistir o filme, é perceptível alguns elementos televisivos, já que foi transmitido na França e Portugal em formato de série, mas ao mesmo tempo, a fotografia tradicional de cinema predomina. Por fim, Vermelho Brasil é um filme que vale muito a pena ser assistido, não pelas atuações, nem pela parte técnica, mas sim, por mostrar uma criativa ficção em torno da história do Brasil. Confira abaixo o trailer e algumas imagens do filme. E não se esqueça de curtir a página do Artescétera no facebook (http://www.fb.com/artescetera).