Nível de ocupação na região do ABC recua em 2015, após dois anos de estabilidade

Balanço também revela dados positivos: cresce emprego no Comércio e assalariados com carteira assinada no setor público

O balanço anual da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) no ABC, referente a 2015, apresentou diminuição no nível de ocupação em 2,5% em relação ao ano anterior, após dois anos de estabilidade. Os dados foram divulgados dia 27 de janeiro pela Fundação Seade e Dieese durante apresentação da pesquisa, na sede do Consórcio do Grande ABC, parceiro na realização do estudo.

“No ano passado, houve muita oscilação nas taxas de ocupação ao longo dos meses, o que ajudou a prejudicar a média anual”, analisou Alexandre Loloian, técnico da Fundação Seade, durante a apresentação da PED. A queda no nível de ocupação foi a maior da sé-rie histórica, iniciada em 1999, ressaltou Loloian, acrescentando que o impacto só não foi maior porque a População Economicamente Ativa (PEA) não cresceu.

No ano em análise, o total de desempregados foi estimado em 175 mil pessoas, o de ocupados em 1.224 mil e a PEA em 1.399 mil. Apesar de o Comércio ter criado 14 mil vagas em 2015, a eliminação de postos nos demais setores provocou a queda. A taxa média de desemprego total elevou-se de 10,7% para 12,5% entre 2014 e 2015.

O comportamento da população pode influenciar positivamente esses dados nos próximos meses, de acordo com Loloian. “Um fator que pode determinar se vai haver mudança nos números é a quantidade de pessoas buscando emprego. Se as famílias conseguirem balancear a perda do poder de compra, que ocorre devido à alta da inflação, é possível que menos pessoas em uma mesma casa se vejam obrigadas a procurar emprego”.

De acordo com a análise setorial, a retração decorreu de reduções na Indústria de Transformação, com eliminação de 33 mil postos de trabalho (queda de 10,3%) e na Construção, com encerramento de 6 mil postos (recuo de 7,7%). Do lado positivo, destaque para a geração de 14 mil postos de trabalho no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (+ 7,0%).

A eliminação de 32 mil postos de trabalho, associada ao ligeiro decréscimo da População Economicamente Ativa (7 mil pessoas deixaram de fazer parte da força de trabalho da região, ou -0,5%), resultou no aumento do contingente de desempregados em 25 mil pessoas (de 150 mil para 175 mil).

Em Serviços, houve eliminação de 9 mil vagas (diminuição de 1,4%). A maior queda ocorreu no nível de ocupação em informação e comunicação; atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; atividades profissionais, científicas e técnicas (eliminação de 10 mil postos de trabalho, ou queda 7,9%), administração pública, defesa e seguridade social; educação; e saúde humana e serviços sociais (-6 mil, ou -3,1%), transporte, armazenagem e Correio (- 6 mil, ou -7,0%), serviços domésticos (-4 mil, ou -6,2%) e atividades administrativas e serviços complementares (-2 mil, ou -3,6%). A exceção foi a categoria de atividades de alojamento e alimentação e outras atividades, que inclui artes, cultura, esporte e recreação, que registrou geração de 16 mil postos de trabalho (alta de 13,1%).

No segmento privado, retraíram-se os contingentes de assalariados com e sem carteira de trabalho assinada (-5,4% e -10,2%, respectivamente). Elevaram-se o número de autônomos (4,8%) – com ampliação para aqueles que trabalham para o público em geral (9,3%) e redução para os que trabalham para empresas (-1,0%), o de empregadores (6,1%) e o daqueles classificados nas de-mais posições ocupacionais (8, 3%) e reduziram-se o de empregados domésticos (-6,2%), principalmente de diarista (-14,7%) e, em menor medida, o de mensalistas (-2,5%).

Quanto às jornadas de trabalho, entre o biênio 2014-2015, diminuíram a jornada média dos ocupados (de 41 para 40 horas semanais) e a proporção dos que trabalharam mais do que a jornada legal de 44 horas (de 28,6% para 27,6%). Permaneceu estável a jornada média de trabalho dos assalariados (41 horas), resultado da estabilidade desse indicador na Indústria de Transformação (41 horas), na Construção (42 horas), no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (44 horas) e nos Serviços (40 horas).

Houve queda nos rendimentos médios reais de ocupados (-7,3%) e assalariados (-5,0%), que passaram a equivaler a R$ 2.170 e R$ 2.242, respectivamente. No período em análise, o salário médio do setor privado diminuiu 5,7%, passando a equivaler a R$ 2.136, reflexo da redução nos Serviços (-6,3%, R$ 1.996), no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (-6,0%, R$ 1.666) e na Indústria de Transformação (-3,5%, R$ 2.596). Também diminuíram os rendimentos médios dos assalariados no setor privado com carteira de trabalho assinada (-6,1%, R$ 2.225) e sem carteira (-5,6%, R$ 1.384) e dos empregados do setor público (-3,6%, R$ 3.052). Retraíram-se o rendimento médio dos autônomos (-7,4%, R$ 1.754), principalmente daqueles que trabalham para o público (-12,0%, R$ 1.470) e, em menor proporção, dos que trabalham para empresas (-0,9%, R$ 2.145) e dos empregados domésticos (-5,6%, R$ 1.025).