Sem documentos, mulher de 53 anos viveu como moradora de rua no Brasil; família foi localizada por meio das redes sociais e ela voltou para casa
Após seis anos longe de casa e da família, a filipina Rebecca Udasco Ordonio, 53 anos, usuária atendida pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) AD Centro de São Bernardo, finalmente irá retornar para casa. Com dificuldades para se comunicar por causa do idioma e do uso de drogas, Rebecca viveu como moradora de rua no Brasil até ser localizada em um albergue no Centro da cidade por uma equipe do Programa Consultório na Rua, da Secretaria de Saúde.
Segundo a enfermeira Gleice Guimarães, que acompanhou todo o processo de reabilitação da usuária no CAPS AD Centro, Rebecca estava diabética, agressiva e muito confusa quando foi encontrada, em setembro de 2015. Ainda segundo a enfermeira, esses problemas foram se agravando por conta do período em que viveu se alimentando mal e usando drogas pelas ruas.
“A gente achava que ela falava coisas sem sentido, mas depois descobrimos que ela misturava a língua filipina com o inglês e o português. Com o tempo, com a ajuda do nosso recepcionista, que fala muito bem o inglês, conseguimos nos comunicar melhor com ela”, explicou a enfermeira.
No mês seguinte, quando o estado de saúde de Rebecca melhorou, o consulado das Filipinas em São Paulo foi comunicado sobre o caso. O objetivo era tentar conseguir com que o órgão pagasse uma passagem de avião para que a usuária pudesse retornar ao seu país, mais precisamente para a cidade de Paniqui — a mais de 18 mil quilômetros de distância de São Bernardo –, de onde saiu em 2010 para trabalhar nos EUA.
Depois de chegar aos EUA, o que se sabe é que ela viajou por diferentes países até chegar a São Paulo em 2013, onde se envolveu amorosamente com um homem e começou a usar drogas, motivo que a levou a viver nas ruas e a se prostituir. Nesse período, segundo os relatos de Rebecca aos enfermeiros, ela foi assaltada, tendo todos os seus documentos roubados.
“Não há informações de como ela chegou em São Bernardo, mas nós conseguimos encontrar a família da Rebecca em uma rede social. Nós explicamos tudo o que tinha acontecido com ela. Eles nem acreditavam mais que ela ainda estava viva e ficaram felizes quando souberam que estava bem”, comentou Gleice.
Diante da feliz notícia, em dezembro de 2015 a família de Rebecca se comprometeu em enviar o dinheiro necessário para comprar a passagem para que ela pudesse voltar. Já o consulado ficou responsável em custear a passagem de Gleice, que acompanhou a usuária do Aeroporto Internacional de Guarulhos até o Aeroporto de Manila, capital das Filipinas. Depois de uma longa espera, o voo foi marcado para esta quinta-feira (11), à 1h.
Para a despedida, os trabalhadores do CAPS AD Centro organizaram duas festas para ela. “Nós tiramos muitas fotos para guardar de recordação, pois ficamos muito felizes que, no final, deu tudo certo na vida dela. Foi bem bacana poder compartilhar esse momento com todos que fizeram parte dessa história”, finalizou a enfermeira.