Levar uma vida com mais equilíbrio e bem-estar exige mudanças radicais? É possível cuidar da saúde sem se enquadrar no padrão da forma física ideal? Especialista fala sobre o tema
Nunca se falou tanto em alimentação saudável. Por todos os lados vemos alimentos detox, clean, orgânicos, low carb, fit… sempre com promessas milagrosas. No entanto, nunca tivemos números tão altos de obesidade no país. Segundo estudo, 30 milhões de brasileiros estão acima do peso. Afinal, a imagem que temos de um estilo de vida saudável realmente traz saúde?
Para muitos, ser saudável é ser fitness. Corpos definidos, alimentação rígida e restritiva, suplementos e musculação parecem ser a porta de entrada para a longevidade e equilíbrio. Mas esse não é o único caminho e nem sempre o mais adequado. “O estilo fitness não deixa de ser um estímulo a mais para os hábitos saudáveis. Mas, em alguns casos, esbarra nos extremos e mais uma vez em rótulos e modismos” explica a nutricionista, membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado Pela Vida, Ana Lanari.
Até pouco tempo, chás e shakes de emagrecimento eram a resposta para quem buscava manter a forma. Hoje, a tendência é outra. Os modismos se alternam, mas pecam por focarem sempre na forma física e pouco na saúde. “Ser saudável é estar em dia com seus check-ups e principalmente com hábitos e práticas devidamente acompanhadas por profissionais, de acordo com suas necessidades. Não existe milagre, existe o que é melhor pra cada pessoa”, esclarece a nutricionista.
O estilo de vida fitness, por vezes, propaga uma ideia ‘inalcançável’, cheia de radicalismos e privações. Antes, bastava “uma maçã por dia para manter a saúde em dia”, dizia a expressão. Hoje, pequenas mudanças parecem não ser o bastante – “no pain, no gain” é a expressão da vez.
Essa imagem é pouco convidativa. A vida saudável ganha fama de ‘chata’. O prazer na hora de comer parece não ser permitido, repreendido, e o equilíbrio dá lugar o extremismo. “Comportamentos extremos e principalmente sentimentos negativos durante o ato de se alimentar podem ser bastante prejudiciais à saúde. Bom senso é sempre a melhor escolha nesses momentos. Com isso, muito se diminui dos sentimentos negativos. Radicalismo nunca será a melhor escolha”.
É evidente que alimentação saudável e atividade física fazem parte da vida saudável. Porém, elas não resumem este estilo de vida. É preciso ter equilíbrio em todas as práticas, principalmente na alimentação. E esse parece ser o maior desafio para as pessoas. Segundo a especialista, o estado emocional tende a influenciar muito neste ponto. “A dica principal é tentar verificar como é o seu comportamento no ato de comer, hábitos, horários e assim detectar como pode melhorar esses momentos, principalmente visando um momento de prazer, boas escolhas e cuidados com você”.
Ela também faz um alerta para quem tem uma rotina corrida e dá dicas para não cair na monotonia alimentar. “Muitas vezes as refeições rápidas tem como base as piores escolhas. Além disso, buscar variedade de cardápio é sempre importante. Ficamos enjoados de comer sempre a mesma coisa do mesmo jeito. Isso acontece principalmente com os alimentos fundamentais para regular nosso organismo, que são as hortaliças, legumes e frutas”.