Zumbido afeta 36% dos idosos

Perda auditiva, tontura e sensação de ouvido tampado são alguns dos sintomas

A médica otorrinolaringologista Dra. Jeanne Oiticica, especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez) e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, chama a atenção para um problema que atinge 36% dos idosos: o zumbido de ouvido. Ela explica as causas, diagnóstico e tratamento do sintoma.

1.Qual a incidência de zumbido?

Recentemente, realizamos uma pesquisa de campo com entrevistas em domicílio com cerca de 2000 habitantes da cidade de São Paulo e a prevalência de zumbido na população foi de 22%, este valor salta para 36% quando analisado o percentual entre aqueles com mais de 65 anos de idade, ou seja, idosos tem 1,6 vezes mais chances de apresentarem zumbido. Isto é fácil de entender já que a idade está habitualmente associada a um desgaste natural do corpo e dos sistemas, e a audição não fica de fora. Além disso, o envelhecimento está acompanhado de uma série de comorbidades, incluindo diabetes, pressão alta, apneia do sono, colesterol alto, entre outras, que interferem direta ou indiretamente no funcionamento do ouvido. Somado a isto, este percentual tem apresentado tendência ao crescimento nos últimos anos tendo em vista o aumento da exposição ambiental a ruídos e a longevidade da população.

2.Quais os sinais que antecedem o problema de zumbido nessa fase?

Perda auditiva, tontura, sensação de ouvido tampado são sintomas comumente associados ao zumbido, e que podem anteceder o aparecimento do mesmo. Neste caso é sempre importante procurar a opinião de um Otorrinolaringologista. Algumas vezes, o problema é simples e poderá ser resolvido no próprio consultório, como no caso de uma rolha de cera. Outras vezes exames adicionais serão necessários para esclarecer o quadro clínico.

3.Como se dá o diagnóstico?

O diagnóstico envolve uma boa história clínica e exame físico adequado. Algumas vezes exames complementares serão necessários, incluindo audiometria (teste feito em uma cabine acusticamente tratada para evitar os sons ambientais externos), exames de sangue, exames de imagem.

4.Qual o tratamento adequado?

O tratamento é customizado caso a caso, vai depender da origem do problema. Às vezes, o zumbido pode sofrer influência muscular (músculos da cabeça e pescoço) e nestes casos algumas sessões de fisioterapia são suficientes para amenizar o sintoma. Outras vezes o fator desencadeante pode estar na dieta, na privação de sono e o tratamento é direcionado para a correção destes. Em alguns casos o maior problema é a dificuldade em escutar, isto muitas vezes pode incomodar até mais que o próprio zumbido. Nestes casos os aparelhos auditivos de amplificação sonora são fundamentais para o alívio do zumbido, pois audição e zumbido andam juntos e muito atrelados um ao outro.

5.Quais as consequências desse problema causado nos idosos?

Insônia, confusão mental, irritabilidade, estresse, ansiedade, tristeza, depressão, dificuldade de entender o que os outros falam, dificuldade em se comunicar, isolamento social, desconfiança, dificuldade de interagir com familiares e entes próximos, incompreensão, choro, falta de ânimo, descrença, desesperança estão entre as queixas associadas mais observadas.

Perfil Dra. Jeanne Oiticica

– Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.

– Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

– Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

– Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

– Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.