Cardiologista aproveita o Dia de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial para dar recomendações
De cada 4 brasileiros, 1 tem pressão alta. Não é um número pequeno, especialmente considerando-se que a hipertensão arterial é responsável por 45% dos ataques cardíacos e 51% dos acidentes vasculares cerebrais, segundo o Vigitel (sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico), do Ministério da Saúde.
Com o objetivo de alertar para esse risco silencioso e chamar atenção das pessoas para o problema, é comemorado em 26 de abril o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.
A pressão considerada boa é quando a máxima está em 120 e a mínima 80 milímetros de mercúrio – conhecida como 12 por 8. Quando a pressão arterial está acima desse limite considerado normal, ocorre a hipertensão.
Como ela não dá sinais, é preciso medir periodicamente – pelo menos uma vez por ano.
Há também ações que ajudam a evitar a hipertensão. Vamos conhecer as recomendações do cardiologista Marcelo Sampaio, médico do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, para ficar longe dos 7 vilões da pressão alta.
1 – O sal que se vê e o sal escondido – O cardiologista Marcelo Sampaio avisa que o sal é o que mais chama atenção quando se fala em perigos para a pressão alta. “O brasileiro usa em média 12 gramas por dia, quando o recomendado são 5 gramas por dia”.
Engana-se quem pensa que nessa soma vai apenas aquela pitada de sal colocada já no prato sobre a comida. O sal está presente em muitos alimentos que comemos sem nos darmos conta – como exemplo o médico cita o pão francês, que tem uma quantidade grande de sal e muitas pessoas desconhecem.
“É preciso estudar e entender melhor porque está ingerindo uma quantidade de sal muito maior do que a recomendada, para buscar uma resolução para essa condição”, ressalta. “Às vezes a pessoa reduz a ingesta de pão e já consegue efeitos razoáveis na pressão arterial”.
Outro problema em relação ao sal está na forma de preparar os alimentos – a sugestão é utilizar mais temperos naturais como limão, salsinha, cebolinha. “Nunca se deve adicionar sal no prato. O saleiro deveria ser jogado fora. Jamais estar presente à mesa e agregar mais sal à comida já preparada”, alerta o cardiologista.
Há outros alimentos que já vem com sal, como o peixe importado do Oriente, que utiliza o sal para sua conservação. “A pessoa acha que está comendo algo mais saudável, mas ingere grande quantidade de sal usado na forma de industrialização e preparo”.
Por isso, Marcelo Sampaio recomenda sempre consultar os rótulos de alimentos para saber quanto sal está ingerindo – e tomar cuidado com essas armadilhas.
2 – Mexa-se e abaixe sua pressão – Outro vilão da hipertensão é o sedentarismo. O cardiologista lembra que a prática de atividade física reduz a pressão arterial. “A prática regular de exercício, como uma hora de caminhada por dia, pode diminuir 2 milímetros de mercúrio da pressão tanto sistólica quanto diastólica”. Pressão arterial sistólica é conhecida como a pressão máxima e diastólica como mínima.
3 – Livre-se do sobrepeso – A obesidade é um dos vilões para a pressão alta – quanto maior a obesidade, pior será a pressão arterial. Por isso, quem sofre de pressão alta ou vê esse problema como um risco deve livrar-se do sobrepeso.
Marcelo Sampaio diz ainda que até o tratamento para pressão alta necessita que a pessoa esteja dentro do peso recomendado, porque com obesidade é mais difícil acrescentar medicação para hipertensão.
4 – Evite alimentos calóricos – Os alimentos ricos em gorduras também são prejudiciais – eles ocasionam o sobrepeso e a obesidade e, por tabela, o aumento da pressão arterial. O ideal é ter uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e cereais e com consumo reduzido de industrializados, açúcar e sódio.
Deve-se evitar açúcar, cafeína, carboidrato simples (pães brancos, doces e massas), gordura saturada (carnes vermelhas gordas, frituras, alimentos industrializados, embutidos, pães e bolos gordurosos, leite integral, cremes e molhos), gordura trans (sorvetes, chocolates, molhos prontos e margarinas).
5 – Jogue fora o cigarro – Entre os muitos males que o tabagismo provoca à saúde, a hipertensão é mais um problema. O cigarro aumenta a frequência cardíaca, o que leva à elevação arterial. Quando a pessoa para de fumar, em 20 minutos a pressão sanguínea normaliza; em 2 horas não há mais nicotina no seu sangue; em 8 horas o nível de oxigênio no sangue se normaliza; em 2 dias seu olfato e paladar melhoram; em 3 semanas a respiração melhora; em 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao da população geral; em 20 anos o risco de desenvolver câncer de pulmão será quase igual ao de quem nunca fumou.
6 – Beba com moderação – O conhecido lema vale também para quem quer cuidar da pressão arterial. Marcelo Sampaio esclarece que quando a ingestão de bebida alcoólica não é feita com moderação, provoca aumento da pressão. “Grande parte dos pacientes hipertensos têm AVC devido ao uso abusivo do álcool”, avisa o cardiologista.
7 – Sem estresse – “Esse é um fator fundamental que pouca gente comenta”, informa Marcelo Sampaio. “O estresse é geral em todos os lugares, para todo mundo e provoca elevação da pressão”.
O médico conta que é comum, por exemplo, pacientes que ficam ansiosos com a consulta e esse fator por si já provoca aumento da pressão, reforçando o estresse como fator de elevação.
“Há estudos mostrando que pacientes de férias têm diminuição da pressão e do consumo de medicação. Quando volta ao trabalho, a pressão arterial aumenta”.
Nesses casos, a dica do cardiologista é buscar fontes de canalização do estresse. “Os hobbies que a pessoa cultiva e mantêm são os mais representativos nesse aspecto”, cita, ressaltando que a prática de exercício físico também é canalizador do estresse, além das terapias alternativas. “O voluntariado, por exemplo, também ajuda muito. Tudo que você participa que provoca relaxamento são formas de aliviar o estresse e ajudar a evitar a pressão alta”.