Doença silenciosa é o tumor ginecológico com maior mortalidade. Se diagnosticada no início, chance de cura é de 90%
Com a correria do dia a dia, muitas vezes esquecemos de prestar atenção aos sinais que o nosso corpo nos dá. As dores acabam incorporadas na rotina e geralmente não ganham a devida atenção. Essa atitude é um perigo para a saúde, ainda mais quando se fala de doenças graves que não apresentam sinais no início, como o câncer de ovário, o tumor ginecológico com maior mortalidade.
Aproveitando o mês em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Ovário, 8 de maio, o Instituto Lado a Lado pela Vida lança a campanha com o lema ‘O câncer de ovário é o tumor feminino mais silencioso. Ajude a fazer barulho’.
O câncer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado – e o que tem menor chance de cura, porque costuma ser descoberto em estágio avançado. Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 3/4 dos cânceres de ovário são diagnosticados em estágio avançado.
Estima-se que sejam diagnosticadas anualmente quase 250 mil mulheres no mundo com câncer de ovário – esse tumor é responsável por 140 mil mortes por ano.
“No estádio 1, a chance de cura é de 90%; no estádio 3, menos de 20%”, avisa a médica oncologista clínica membro do Comitê Científico do Instituto, Graziela Zibetti Dal Molin.
Quando observamos as estatísticas nacionais, vemos diferenças regionais bastante grandes, que são explicadas por questões sociais e culturais. Chama atenção o fato da incidência ser menor no Norte e Nordeste. Essa situação ocorre porque o câncer de ovário está relacionado ao sedentarismo e à obesidade, fatores de risco que têm índices maior no Sul e no Sudeste. Nas regiões Norte e Nordeste existe mais câncer de colo de útero em relação às demais áreas brasileiras.
Atenção aos sintomas
A doença não apresenta sintomas nos estágios iniciais. Quando se manifesta, são sinais comuns a várias doenças e podem ser confundidos com outros problemas. Entre os sintomas estão dor abdominal, lombar ou na região pélvica; aumento de volume abdominal; aumento da frequência e urgência urinária; prisão de ventre; náusea e azia e sangramento.
“Como os sintomas são vagos, o clínico geral, por exemplo, costuma pensar que é problema de coluna ou estômago, e acaba demorando o início da investigação do tumor”, alerta Graziela.
Um dos grandes problemas no mundo todo, responsável pela alta taxa de mortalidade dessa doença, é a inexistência de exame de rastreamento efetivo. Por isso, na maioria dos casos o diagnóstico é feito em estágios avançados da doença, quando a chance de sobrevida é menor.
A oncologista faz um alerta importante sobre o Papanicolau: “muitas mulheres acreditam que, como fazem regularmente esse exame, dentro do preventivo, estão cuidando do diagnóstico do câncer de ovário – mas não estão. O Papanicolau só serve como diagnóstico para o câncer de colo de útero”.
Fatores de risco e como saber
Além da obesidade, Graziela ressalta outros fatores de risco: “o principal é a história familiar – se a mãe, tia, uma parente próxima teve; há fatores relacionados às questões hormonais, como menopausa tardia, endometriose, tabagismo, o fato de não ter filho e gestação tardia”.
O diagnóstico é feito com exame transvaginal pélvico, ressonância e tomografia do abdome total e exame de sangue CA 125. Para os casos em que há risco de doença hereditária, com mutação dos genes BRCA 1 e BRCA 2, há indicação de realizar aconselhamento genético.