Trabalho da disciplina de Neurologia da Faculdade de Medicina do ABC contará com novos mutirões até meados de 2019 para avaliação multidisciplinar de 200 pacientes da região do ABC
A disciplina de Neurologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) deu início neste ano ao primeiro estudo epidemiológico em esclerose múltipla da região do ABC Paulista. Trata-se de trabalho multidisciplinar e abrangente, que pretende traçar o perfil dos pacientes da região a partir de avaliações com médicos neurologistas, dermatologistas e otorrinolaringologistas, psicólogos e fonoaudiólogos – estes últimos, responsáveis pelas áreas de disfagia (dificuldade de engolir), voz e olfato. Médicos residentes e alunos de Medicina completam a equipe da pesquisa.
Até meados de 2019 serão diversos mutirões para avaliação multidisciplinar de 200 pacientes da região do ABC – todos cadastrados nos ambulatórios da FMABC. O primeiro ocorreu em 12 de maio e recebeu 20 pacientes. “Este é um estudo amplo, pelo qual buscamos conhecer o perfil das pessoas com esclerose múltipla nas sete cidades do ABC. Os aspectos epidemiológicos e de saúde são avaliados, bem como a rotina de tratamento desses pacientes e as sequelas deixadas pelos surtos que acompanham a evolução doença”, detalha a Dra. Margarete de Jesus Carvalho, professora de Neurologia e coordenadora do Ambulatório de Distúrbios de Movimento da FMABC.
Segundo a especialista, em novembro de 2017 foi realizado o projeto piloto do estudo, quando foram convocados seis pacientes para passar com a equipe multiprofissional na Faculdade de Medicina do ABC. “Queríamos ter ideia da aceitação deste projeto junto aos pacientes e também do tempo necessário para realizar as entrevistas e todas as avaliações no mesmo dia, tanto com os médicos quanto com os psicólogos e fonoaudiólogos”, explica Dra. Margarete, que acrescenta: “A experiência inicial foi muito positiva e encaramos o desafio de um mutirão maior, em maio deste ano, para 20 pacientes. Novas edições serão programadas, conforme a agenda dos profissionais envolvidos no trabalho”.
Para a aluna do 3º ano de Medicina, Camila Sando, além da questão assistencial, a pesquisa proporciona “uma visão mais abrangente sobre as pessoas, sobre o que elas sentem, e não apenas da doença que elas têm”. A aluna completa: “Você acaba descobrindo os medos do paciente, as preocupações e o que ele ainda não entendeu. Vemos claramente a confiança no profissional, o que é muito bom. Considero que a humanização é o ponto que mais me agrada neste trabalho. Claro que também é muito importante a questão multidisciplinar da patologia. Mas esse acompanhamento pessoal, estar próximo, íntimo do paciente, é a maior contribuição para os acadêmicos nesse tipo de atividade”.
ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO
Moradora de São Bernardo, Ana Paula Tardelli, de 36 anos, aprovou a iniciativa ao participar tanto do projeto piloto quanto do primeiro mutirão. “Achei a ideia da pesquisa muito interessante. Pude passar com vários especialistas no mesmo dia, o que facilita muito, porque no SUS (Sistema Único de Saúde) as consultas costumam demorar. Além disso, se tivesse algum problema, no próprio mutirão o pessoal da faculdade já fazia o encaminhamento. Graças a Deus não foi o meu caso e comigo estava tudo bem”, revelou a paciente, ao destacar o trabalho da Fonoaudiologia, que disponibilizou canetas com odores diversos para testar o olfato dos pacientes.
Ana Paula Tardelli foi diagnosticada com esclerose múltipla em julho de 2011. Segundo a paciente, os primeiros sintomas começaram em 2007, mas o diagnóstico veio somente anos mais tarde. “Hoje estou bem melhor, tomando os remédios corretos. Antes eu caía muito e não sabia o motivo. Tive intercorrências da doença, mas estou muito melhor do que antigamente”, revela a paciente, que conta outro ponto positivo do tratamento: conheceu o namorado na Faculdade de Medicina do ABC, na sala de espera pela consulta de Neurologia. “O Andre também era paciente da Dra. Margarete e foi assim que nos conhecemos, há mais ou menos uns três anos. O tempo passou e já moramos juntos há dois anos”.